Mente Somática • Rita Aleluia https://www.ritaaleluia.com/tag/mente-somatica/ Awakening People Tue, 15 Jun 2021 08:42:12 +0000 pt-PT hourly 1 https://www.ritaaleluia.com/wp-content/uploads/2020/11/cropped-favicon-2020-32x32.png Mente Somática • Rita Aleluia https://www.ritaaleluia.com/tag/mente-somatica/ 32 32 8 passos que criam resiliência na criança em situação de trauma https://www.ritaaleluia.com/8-passos-criam-resiliencia-crianca-situacao-trauma/ https://www.ritaaleluia.com/8-passos-criam-resiliencia-crianca-situacao-trauma/#respond Tue, 15 Jun 2021 08:42:12 +0000 https://www.ritaaleluia.com/?p=7802 8 passos da Parentalidade Generativa que auxiliam pais e educadores a ajudar as crianças em situação de trauma, stress e ansiedade, a criar resiliência.

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Este guia de oito passos, parte da Parentalidade Generativa (PG), ajuda adultos e crianças a criarem resiliência quando vivem uma situação de dor, stress ou trauma.

Há dias escrevi um artigo onde revelo a importância da consciência da existência do trauma na infância e hoje quero destacar que: quanto mais cedo a criança aprender a importância de acolher, integrar e transcender as experiências traumáticas, libertando a quantidade gigantesca de energia criada no corpo, quando exposta a situações adversas (dor, stress, trauma), melhor!

Energia presa no corpo torna-se distúrbio físico e emocional

Esta acumulação de energia aprisionada do trauma, é precisamente o que tende a gerar situações como o transtorno de stress pós-traumático (TSPT), ansiedade, depressão, doenças auto-imunes e um vasto leque de problemas de saúde. E isto é válido para crianças, jovens, adultos… para todos os seres humanos! Aprendi-o não só cognitivamente, como (sobretudo) por experiência própria.

Das melhores coisas que podemos fazer por nós e ser exemplo para os nossos filhos e demais, é permitir que o nosso corpo liberte naturalmente essa energia, seja através do choro ou de qualquer outra resposta natural que emerge quando sentimos emoções fortes. Só assim a energia flui no seu percurso natural, sem que fique presa no corpo.

Modelos somáticos da PNL que nos ajudam

A maior parte dos modelos e práticas que utilizamos na Parentalidade Generativa são da Programação Neurolinguística (PNL), com foco na 3.ª geração. Um deles é o modelo S.C.O.R.E (Sintoma, Causa, Outcome (resultado), Recursos e Efeito). No vídeo em baixo, a mãe da PNL, Judith DeLozier e co-criadora do modelo, juntamente com Robert Dilts, fala-nos de dois aspectos particulares desta dança.

O que gera trauma e como

O stress, a dor física e emocional, trauma e outras experiências adversas fazem parte da vida. Existem infinitas causas possíveis, sendo que um trauma pode decorrer em consequência de um evento emocionalmente forte que não foi ultrapassado, ficou preso no corpo ou até de algo que deveria acontecer e não aconteceu. Por exemplo, quando uma criança não encontra na família o porto seguro, a empatia e generosidade necessárias para aprender a conectar-se com quem é e com os demais. Os adultos podem e devem guiar as crianças no sentido de as manter seguras, de forma a que desenvolvam resiliência e acedam aos seus recursos internos para recuperar perante as adversidades.

O que é a RESILIÊNCIA

Antes de avançar para os oitos passos propostos pela Parentalidade Generativa – assentes em muito do trabalho somático de Judith DeLozier e do Dr. Peter Levine – para a criação de resiliência, quero mesmo esclarecer o que entendemos pela mesma:

É a capacidade que todos temos de voltar a casa (ao centro), de recuperar do stress, sentimentos de medo, insegurança e outras emoções adversas.

1. Investigar os movimentos que acontecem no corpo (do adulto que está com a criança)

As crianças sentem a energia (somos energia, somos campo). Nós também. É por isso importante que sintamos primeiro quais os movimentos que emergem no nosso corpo e observar, numa escala de 0 a 10, qual a intensidade do medo, preocupação que nos habita, colocando o foco no presente, respirando profundamente.

2. Avaliar a situação

Se a criança demonstrar sinais de ansiedade ou choque, por exemplo: respiração superficial, confusão, desorientação, olhos vidrados ou se apresentar uma reacção emocional excessiva, é importante transmitir-lhe uma mensagem que a tranquilize, de segurança, com uma tonalidade suave, empática, clara, confiante… de que estamos juntos e seguros.

3. À medida que o choque passa, orientar a atenção da criança para as sensações no próprio corpo

Ao sair do estado de choque, a respiração tende a voltar ao normal, o rosto recupera a sua cor habitual, os olhos voltam a focar. Nessa altura é importante direccionar a atenção da criança para os sentimentos e movimentos que emergem no seu próprio corpo. Perguntar à criança – depois de observar onde é que ela coloca as mãos no seu corpo:– Como te sentes na barriga, no coração, no peito (ou noutra área do corpo que tenha observado)?

Pedindo à criança para descrever ou dançar (é ok fazer só o gesto) o movimento dessa sensação. Pode ser que sinta borboletas, há crianças que sentem chamas ou até pedras…

As sensações físicas no corpo, provocadas pelo trauma, geram um aumento de energia que cria, quase sempre, desconforto e dor. Portanto, reconhecer e perceber em que área no corpo está situada, quais são os sentimentos e as emoções associadas, é o início do importante processo de libertação dessa energia.

4. Desacelerar e seguir o ritmo da criança, observando com curiosidade as mudanças

Cuidar da criança desde um estado de centramento, presença, desde e com o coração, de forma amorosa e paciente. Com curiosidade, sem julgamentos. E isto é essencial, para auxiliar no processo de movimentação e libertação da energia presa no corpo da criança.

5. Continuar a validar as respostas físicas da criança

Vários estudos demonstram que a reação natural de chorar e tremer após uma experiência assustadora (como um acidente, por exemplo) é o que permite as crianças recuperarem a longo prazo. Por isso, ajudá-las, passa por permitir que expressem livremente as suas emoções.

6. Confiar na capacidade inata de cura da criança

Centrados, em consciência, só temos que confiar que a criança é um santuário de amor e cura. A nossa responsabilidade é a de ficar presente com ela, em vez de distraí-la do que está a vivenciar.

7. Incentivar a criança a descansar

Depois de libertar a energia, através das lágrimas, tremores, dança dos movimentos…. é importante descansar e dormir. Através do relaxamento dá-se o retorno à harmonia. Dormir e descansar é parte deste importante processo de cura.

8. Atender às respostas emocionais da criança ajudando-a a entender o que aconteceu

Depois da criança ter descansado, quando já estiver calma, é um bom momento para a incentivar a partilhar a experiência. Dependendo da idade e dos sistemas de representação preferidos (visual, auditivo, cinestésico) podemos pedir-lhes que façam um desenho, contem uma história ou até, que façam um teatro…

É importante que as crianças percebam que os sentimentos que as estão a habitar, como vergonha, medo, raiva, preocupação, constrangimento e outras emoções dolorosas são normais. Podemos partilhar com elas que já passamos por situações e sentimentos semelhantes. Pode acontecer que ao fazer a partilha, os sentimentos intensos apareçam novamente. Se acontecer, repetimos os passos anteriores, permitindo a libertação de energia ainda contida, sempre na presença de uma mãe, pai (de um adulto) empático.

Duas perguntas que faço nas minha sessões

A narrativa do corpo dispensa palavras. Ela é suficiente e fundamental porque não pode enganar, emerge do inconsciente:

  • Em que parte do corpo sente isso?
  • O que acontece quando presta atenção a essa parte do corpo?

Livros que ajudam a compreender e tratar o trauma

Hoje recomendo apenas um livro nesta área (dos mais de 15 que tenho) e cuja leitura recomendo vivamente, é: How the body releases trauma and restores goodness, Levine, P. (2010). In an unspoken voice:. Berkeley, CA: North Atlantic Books

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A consciência do Trauma na Parentalidade & Educação https://www.ritaaleluia.com/consciencia-trauma-parentalidade-educacao/ https://www.ritaaleluia.com/consciencia-trauma-parentalidade-educacao/#respond Wed, 09 Jun 2021 17:20:41 +0000 https://www.ritaaleluia.com/?p=7749 A consciência do Trauma na Parentalidade & Educação é a forma mais rápida de curar e prevenir dor e sofrimento desnecessário. E é por isso que é um tema da Parentalidade Generativa.

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Hoje recupero uma newsletter antiga, reeditada agora e inspirada na The Wisdom of Trauma Talks on Trauma Series que ontem teve início, com o Dr. Gabor Maté. (de quem fui aluna e costumo dizer, serei sempre) para vos falar de trauma na parentalidade & educação – do que é, como se manifesta – com a intenção de elevar ainda mais consciências para a sua existência, e para o facto de que não só é possível prevenir, como curar. Esta consciência permite curar as famílias e prevenir dor e sofrimento desnecessários, nas mesmas e já sabemos que as famílias são o microcosmo do mundo! Portanto, transformar uma família é transformar o mundo! Há esperança! Como diz Gabor Maté, “tudo é possível!”

Quantas vezes paramos para observar o movimento que emerge no nosso corpo (mente somática)? E para investigar a verdadeira causa do desconforto, sobretudo quando é frequente? Ou a causa da adição (que é um sintoma) que temos e pode ser qualquer uma, passar demasiadas horas nas redes sociais, comer excesso de doces, necessidade exagerada de sexo, pornografia, de limpeza, álcool, horas a fio em exercício físico…?

Todas elas são expressões de traumas, a grande parte congelados na 1.ª infância. Partes nossas que continuam por ser vistas, reconhecidas, acolhidas e transcendidas.

Mas afinal, o que é um trauma?

Existem várias descrições. Na Parentalidade Generativa estão presentes as de Gabor Maté e do Dr. Peter Levine (continuo a assistir às suas aulas on-line), e cujos ensinamentos são parte da certificação Practitioner em Trauma & Resiliência, do HeartMath Institute (a qual frequentei). O trabalho de ambos conecta com o que a Programação Neurolinguística (PNL), sobretudo Judith DeLozier (a mãe da PNL e responsável pela introdução da mente somática neste campo), nos diz relativamente ao tema, desde há pelo menos 40 anos.

“Trauma não é o que nos acontece. É o que acontece dentro de nós, como resultado do que nos aconteceu.”
Gabor Maté

“Trauma não é o que nos acontece, mas o que guardamos dentro de nós, na ausência de uma testemunha empática.”
Dr. Peter Levine

Em consequência, o que acontece é que nos desconectamos das nossas emoções e do corpo. Temos dificuldade em estar presente no aqui e agora e desenvolvemos uma imagem negativa de nós próprios, do nosso mundo. Começamos a defender-nos dos que nos rodeiam, mesmo quando nos querem bem.

Um trauma pode surgir de eventos que aconteceram e não deviam ter acontecido ou quando coisas boas que deveriam ter acontecido e não aconteceram. E pode também passar de geração em geração – trauma geracional (como vos explico no meu último livro “Gurus de Palmo e Meio” – até que alguém tenha a coragem de o curar.

Qual o maior desafio de um trauma?

Não é apenas reconhecer o que aconteceu no passado, até porque muitas vezes, é totalmente desconhecido, mas sobretudo, reconhecer as suas manifestações no presente e manifestam-se no corpo, é lá que estão armazenadas.

Como é possível uma criança ser traumatizada?

Para Gabor Maté, existem particularmente duas formas:

Uma é a criança ser vítima de violência familiar – agressões físicas, verbais, castigos, negligência… Outra é ao não ver as suas necessidades atendidas – conexão, amor, compreensão, não ser vista, reconhecida e aceite por quem é, em vez de quem gostariam que ela fosse.

Parece-me muito claro que podemos fazer diferente do que tem vindo a ser perpetuado desde há séculos. É mesmo essa a proposta da Parentalidade Generativa e é por isso que vamos continuar a trazer luz a este tema, numa comunidade global, alargada e generativa, em prol de algo maior.

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A energia transformadora dos arquétipos na parentalidade e na vida https://www.ritaaleluia.com/energia-transformadora-arquetipos-parentalidade-vida/ https://www.ritaaleluia.com/energia-transformadora-arquetipos-parentalidade-vida/#respond Wed, 09 Jun 2021 09:15:30 +0000 https://www.ritaaleluia.com/?p=7741 Introduzidos na PNL por Judith DeLozier, na década de 80, os arquétipos são parte da Parentalidade Generativa. Dançamo-los, integramo-los e transcendemo-los. É assim na nossa Viagem do Herói.

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“A viagem do herói exige que encontremos o que em nós é único, a nossa singularidade. E não podemos simplesmente encontrá-la sem a solidão suficiente para descobrir quem somos. No nosso caminho somos auxiliados por guias internos, ou arquétipos, cada um exemplifica uma forma de estar no caminho… Cada um tem uma lição para nos ensinar e preside a uma etapa diferente do nosso desenvolvimento.”
Carol Pearson

Desde a década de 80 que os arquétipos são parte oficial da Programação Neurolinguística (PNL). Introduzidos por Judith DeLozier (Judy) a mãe da PNL e pioneira mundial em sintaxe somática integram a Parentalidade Generativa (PG). Eles manifestam a energia inconsciente e estão presentes na natureza e na natureza de cada ser humano.

O psiquiatra Carl Jung e os seus sucessores descobriram que, no nível do inconsciente profundo, a psique de cada pessoa está conectada com o Inconsciente Colectivo, ao qual todos temos acesso. Este, por sua vez, agrega padrões intuitivos e configurações de energia (arquétipos) que se supõe herdadas de geração em geração e que se manifestam no corpo. São precisamente estes arquétipos a base dos sentimentos, pensamentos, comportamentos e experiências humanas mais comuns. Nesta Viagem do Herói (e são tantas ao longo da vida) dançamos e vencemos os nossos dragões, encontramos os nossos tesouros, a nossa identidade e voltamos para partilha-los com a comunidade.

Em quem me estou a tornar?
Quem é que o mundo pede que me torne?

Estas são as duas perguntas latentes na Viagem do Herói! Os recursos arquetípicos vivem em cada um de nós e podem ser despertados, desenvolvidos, chamados em vários estágios, contextos e idades. Entretanto, embora os arquétipos sejam predisposições universais e inatas, vão manifestar-se de forma distinta em cada pessoa, porque são filtrados através da nossa cultura e experiências pessoais.

Há centenas de arquétipos de autores diferentes. Nós utilizamos, sobretudo, os de Joseph Campbell, Stephen Gilligan, Carol Pearson e muito em especial, as posturas de Virgínia Satir. Judy costuma dizer que as próprias emoções contêm a energia dos arquétipos e “à medida que emergem no corpo, acordam algo em nós mesmos”. Mas diz mais👇🏻

Nós somos energia e o corpo é um Sistema de Representação, não cria e organiza apenas as emoções, ele é sábio! Codifica, descodifica, aprende, tem memória e oferece-nos, através dos seus movimentos, tantas pistas na sua estrutura superficial, como a linguagem na sintaxe linguística, ou até nas perguntas do Meta Modelo. Quando nos permitimos associar aos nossos movimentos naturais, as posturas dos arquétipos, é o início de uma profunda e transformadora viagem (e é por isso que eles estão presentes tanto na certificação internacional PNL Practitioner em Parentalidade Generativa quanto na do PNL Master Practitioner – prestes a chegar a Portugal! Ambas certificações NLP University California.

E é através da dança entre luz e sombra de cada arquétipo que descobrimos dons únicos e os colocamos ao serviço de algo maior, em congruência e coerência.

A Dança do Dragão

Partilho agora os arquétipos descritos por Carol Pearson, utilizados na Dança do Dragão, co-criada por Judith DeLozier e Robert Dilts que nos auxiliam a identificar as etapas chaves do nosso desenvolvimento, da nossa viagem pessoal. O lado luz de cada posições arquétipas, determina os recursos e as soluções necessários às etapas de transição da nossa vida.

Os arquétipos de Carol Pearson

A investigação desenrola-se ao redor do arquétipo do dragão que representa algo importante, misterioso e potencialmente perigoso. Alguns dragões no caminho da nossa existência humana, estão relacionados com a nossa adolescência, uma mudança profissional, até com a menopausa, doença, perda, a morte ou qualquer outra transição essencial da nossa vida.

Cada arquétipo deve ser acolhido na totalidade e possui luz e sombra. Como dizia Gregory Batesontudo em si contém o seu oposto.

O INOCENTE

Vive num Eden ou na serenidade da vida, num cenário onde o dragão não existe e todas as necessidades são preenchidas numa atmosfera de amor. Para os inocentes, o mundo existe para a sua satisfação. É um estado natural na criança e é uma negação da realidade no adulto. Ainda há adultos que não assumiram responsabilidade pessoal e que acreditam que os seus pais, cônjuges, amigos e organizações onde trabalham deveriam contribuir para tornar a sua vida paradisíaca. O inocente não é um arquétipo heróico, já que nada nos é exigido no paraíso, é antes, um arquétipo pré-heróico.

O ÓRFÃO

Deve enfrentar a realidade da queda. Há uma procura incessante por segurança. O órfão receia ser explorado e abandonado. Idealista, nega a existência do dragão (a impotência) ou procura ter a certeza de que ele não o encontrará. A sensação de impotência dá-lhe um vivo desejo de voltar à inocência original. Sente-se vítima e obrigado a crescer num ambiente hostil sem ter força, nem capacidade. Procura uma hierarquia benevolente (proprietário, conselheiro espiritual…) que tomará conta de si. Não controla as suas emoções e estas são muitas vezes paralisantes. A evasão (adições, trabalho…) são as formas que encontra para enfrentar a condição humana. A cultura programa as suas necessidades. Está sempre à espera de validação externa. Sente-se pobre, procura um trabalho fácil. O seu caminho é sair da inocência e vencer a negação da realidade para saber que sofrimento, dor, escassez e morte fazem, inevitavelmente, parte da vida.

O MÁRTIR

Aprende a dar, em comprometer-se e acredita que tem que sacrificar-se em prol dos outros. Quer resolver o conflito entre a procura do bem (bondade, generosidade, responsabilidade) e a fuga do mal e os seus piores medos – o egoísmo e a exploração). Perseguido pelo dragão (o sofrimento), procura aliviá-lo sacrificando-se para salvar os outros. Oferece o seu sofrimento porque é transformador. As suas emoções são escondidas para não ferir os demais. Acredita que o trabalho deve ser duro e desagradável e ao serviço dos outros. Vê mais virtude na doação e na pobreza do que na recepção dos bens. O caminho do Mártir é ser capaz de cuidar dos outros, de oferecer em liberdade e sem medo.

O GUERREIRO

Aprende a lutar para defender-se e molda o mundo à sua imagem. É forte e influencia o mundo ao seu redor, evita a fraqueza, a ineficácia e a passividade. Quer alterar o seu ambiente para que este se adapte às suas necessidades e aos seus valores. Utiliza a força da disciplina, a vontade e a luta. Reivindica direitos, seus e dos outros. Enfrenta o dragão (o medo) para matá-lo. Corajoso, luta pelo que crê e pelo que quer, apesar dos riscos. Aprende com a competição o gosto pelo sucesso. Molda os outros para ter êxito. Domina ou restringe as suas emoções para ter mais domínio. Trabalha muito para ter êxito e enriquecer, sabendo usar o sistema a seu favor. O seu caminho é ter mais segurança, confiança, coragem e respeito por si e pelos outros.

O MENDIGO

Com a intenção de se reencontrar sozinho. O Mendigo procura a independência, a autonomia, uma vocação e teme o conformismo. Para fugir do dragão (a solidão) que se identifica, vai deixar uma situação opressiva e partir sozinho ao encontro do desconhecido. A vida é uma aventura no mundo e no interior dele mesmo. É anti-normas conformistas e é assim que forma a sua identidade. Sente-se um estrangeiro, gosta de explorar novas ideias, novos mapas, de agir sozinho e assumir só e estoicamente as suas emoções. Procura a sua vocação ou um trabalho individual. É auto-didata e está pronto a sacrificar dinheiro para manter a sua independência. O seu caminho é o de enfrentar o medo e escolher ser ele mesmo, descobrindo quem é e o que quer para realizar a sua vocação.

O MÁGICO

Aprende a mover-se com a energia do Universo. O mágico, também conhecido por Xaman, procura a autenticidade, o equilíbrio com as energias do Universo, e atrair o que tem necessidade de acordo com as leis da sincronicidade. Teme a falta de profundidade, a alienação dele e do outro, a falta de centro. O mundo externo é o reflexo do mundo interno. Aceita e integra o dragão (a sombra ou uma parte não desenvolvida) para o trazer à consciência e transformá-lo. Percebe a vida mais como um processo e excede a noção estática de bem e do mal. Aprende para seu prazer ou em grupo. Quer relações equitativas e aprecia a diferença. Autoriza-se a exprimir as suas emoções e utiliza as suas mensagens.

Trabalha de acordo com a sua verdadeira vocação, sente-se rico com pouco ou muito e sem acumular, confiando que as suas futuras necessidades serão satisfeitas. O seu caminho é o de viver a alegria, abundância, a fé, a fidelidade à sua sabedoria interna.

Cada arquétipo projecta o seu modelo do mundo sobre os outros e sobre o seu ambiente. Influenciados pela energia de um arquétipo específico, podemos tender a ter pena da crueldade dos outro, do seu conformismo, da sua fraqueza, do seu egoísmo ou da falta de profundidade. E é assim que nascem tantos conflitos. Para o Mártir, a independência do Mendigo assemelha-se frequentemente ao egoísmo ao qual ele tem horror. Já o Guerreiro pode parecer insensível ao Órfão. A forma de estar e ser do Mágico que acredita que qualquer acção é justificada quando é autêntica pode ser vista como inadaptabilidade.

Como lembrava Campbell a mitologia diz-nos que aquilo que parece mais desafiante e no que tropeçamos é onde reside o nosso tesouro. . . . Onde parece mais desafiante é onde está o maior convite para descobrirmos poderes maiores e mais profundos em nós mesmos. E onde o poder de responder é bem-sucedido, surge uma nova amplificação da vida e da consciência.”

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