Essencial • Rita Aleluia https://www.ritaaleluia.com/tag/essencial/ Awakening People Tue, 05 Apr 2022 09:09:20 +0000 pt-PT hourly 1 https://www.ritaaleluia.com/wp-content/uploads/2020/11/cropped-favicon-2020-32x32.png Essencial • Rita Aleluia https://www.ritaaleluia.com/tag/essencial/ 32 32 O corpo diz o que as palavras não podem dizer https://www.ritaaleluia.com/corpo-diz-que-palavras-nao-podem-dizer/ https://www.ritaaleluia.com/corpo-diz-que-palavras-nao-podem-dizer/#respond Tue, 05 Apr 2022 09:08:23 +0000 https://www.ritaaleluia.com/?p=9205 Antes de sermos verbo, somos corpo. Ele não mente! Guarda memórias e dá-nos sinais constantes que é preciso decifrar para navegar em harmonia na vida. Como nos relacionamos com ele? No episódio desta semana, a conversa ESSENCIAL entre a Dra Sandra Amado e Rita Aleluia.

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Viva! Bem-vindos ao primeiro podcast no mundo a utilizar as lentes da parentalidade generativa. Obrigada a cada um de vós que regressa semanalmente para escutar, reflectir, desaprender, aprender e transformar. Num processo continuo de reparentalidade, unidade e crescimento.

Adoro poder sentar-me com pessoas que trazem a sua voz única ao mundo, que são a diferença que faz a diferença. Pessoas centradas no coração, conectadas consigo próprias, com os demais e a caminhar no exemplo que querem ver no mundo. É uma bênção poder partilhar convosco a sapiência que elas nos trazem.

Como a nossa convidada de hoje. Ela é nada mais, nada menos que a Sandra Amado. Além de um ser humano incrível, é mulher e mãe de um guru que lhe faz jus, pois claro. Especialista na inteligência do corpo, na mente somática é ainda professora do ensino superior, na Escola Superior de Saúde, do Politécnico de Leiria, investigadora, entre outras coisas.

Bem-vinda ao ESSENCIAL, Sandra! Obrigada por entregares parte do teu precioso tempo para partilhares connosco esta mensagem tão essencial, tão urgente, sobre o corpo.

S.A – Obrigada Rita. Eu é que agradeço este convite surpreendente. É um gosto poder participar neste projecto que é entregue com tanto amore tão necessário, para todos nós, pais, mães, educadores e no fundo, seres humanos, que estamos aqui para nos tornamos seres melhores.

R.A – Obrigada, Sandra. Como sabes a vivência da parentalidade generativa integra a consciência e vivência do corpo, através da sintaxe somática. Para quem nos escuta e lê – no episódio transcrito no blogue do meu site, em www.ritaaleluia.com – e ainda não está familiarizado com esta linguagem, quero lembrar que nós somos energia e o corpo é um sistema de representação. A sintaxe somática revela-nos como é que os movimentos do corpo estão conectados com as nossas emoções e pensamentos – mostra-nos a forma como descodificamos as mensagens da mente inconsciente, submersas no corpo e as transformamos. Este trabalho tem eu diria que uma mãe e um pai: a nossa querida Judith DeLozier, a mãe da programação neurolinguística e o Dr. Peter Levine.

Mente e corpo são na verdade um só, já falamos disto no 1.º episódio, estão interconectados, são inseparáveis. Hoje, a neuro-fisiologia já o demonstra com evidências inegáveis e outras áreas da ciência, também.

O corpo é sábio. Codifica, descodifica, aprende, tem memória. Aliás, os princípios fundamentais da sintaxe somática são precisamente o facto de que:

  • o corpo fala uma linguagem que é tão refinada, sistemática e completa quanto a linguagem verbal;
  • está em comunicação constante com sua mente consciente, principalmente no que diz respeito a questões de saúde, bem-estar emocional e segurança;
  • é infinitamente sábio e inteligente;
  • armazena informações, conhecimento e memórias nos músculos e no tecido conjuntivo.

Sandra, o que partilhas sobre tudo isto?

S.A – Tudo o que tu disseste é extremamente importante e fico muito feliz de finalmente, poder-se falar de uma forma tão clara e explicita de algo que é tão natural em nós. Eu acrescentaria uma pessoa às pessoas que já referiste, que eu respeito e admiro imenso, o nosso neurocientista António Damásio, em particular um livro que ele lançou recentemente, o “Sentir e Saber“, que nos traz muito conhecimento, numa linguagem muito prática e descomplicada. Onde ele refere, efectivamente, que o princípio não foram as palavras. A nossa primeira linguagem não é de facto a palavra. A nossa primeira linguagem está muito mais relacionada com o movimento. E se formos um bocadinho à embriogénese, e percebermos que o nosso maior órgão é a pele e que logo a seguir vem o sistema nervoso central e que logo a seguir vem o coração, eu acho que o raciocínio é simples. Toda aquela interocepção, todo aquele sistema nervoso dos órgãos começam logo aí. Quando nascemos não sabemos falar, sabemos chorar e aí, se calhar, vem uma representação de dor e todo o nosso desenvolvimento deveria ser no sentido de nos conhecermos a nós próprios, começando pelo corpo.

R.A – Somos seres espirituais incorporados, não é?

S.A – Sim, sim!

R.A – Eu acredito nisso. Somos energia. Somos movimento.

S.A – Claro que somos! Somos, sim! Isso é inegável. Quando nos debruçamos sobre a origem da vida, vem de algum lado e essa faísca, essa energia que gera tudo o resto, essa foça, efectivamente depois ganha forma e essa forma é o nosso corpo. E portanto, devemos amá-lo, em primeiro lugar!

R.A – É um templo. É muito interessante pensar que quando somos bebés produzimos milhares de movimentos involuntários por minuto, à medida que crescemos vamos percebendo quais as funções dos membros, mãos, braços, pernas, também os movimentos, vamos tendo outro tipo de controlo e diminuindo os movimentos… Depois quando começamos a ser alfabetizados e em particular, quando entramos para uma escola, para o 1.º ciclo, onde nos são pedidas muitas horas de estar sentado, atentos às palavras, ao raciocínio lógico, parece-me que é o primeiro passo para a desconexão do corpo com a cabeça, da cabeça com o corpo e começamos a perder consciência do nosso corpo. Concordas?

S.A – Sim, sim concordo! E mais do que concordar, a ciência já nos traz essa sabedoria, também, essa evidência. Ainda bem que trazes esse assunto porque é algo que, desde que fui mãe fiquei mais desperta para ele, naturalmente, eles são os nossos gurus, trazem-nos sempre algo para o qual não estamos preparados, e de facto, essa fase em que entramos na escola é marcante que em algumas situações pode até ser traumatizante e devemos estar todos despertos e disponíveis. Também dizer que a minha visão e percepção sobre esse assunto está relacionada com um outro autor, Daniel H. Pink que lançou um livro muito interessante que é um manual sobre a nova inteligência. Se fizermos uma retrospectiva sobre o que foi o nosso desenvolvimento enquanto seres humanos e inteligentes, estamos agora a entrar numa nova era, a da conceptualização e viemos de uma era industrial, de uma era de agricultura. Há todo um processo de mudança que acredito estar a acontecer, não no ritmo que gostaríamos, mas que essa mudança vai criar o espaço para esta nova inteligência, muito mais associada à criatividade, muito mais associada ao hemisfério direito, muito mais abstrata, que vejo interesse por parte dos profissionais das escolas, mas depois não existe todo um contexto social que esteja preparado. E acho que estas iniciativas são óptimas para conseguirmos, cada um de nós, no nosso pequeno mundo fazer a diferença.

R.A – Sim. Eu costumo dizer que é pessoa a pessoa, família a família, comunidade a comunidade e o mundo avança.

S.A – Tal e qual!

R.A – Em famílias e organizações que ainda não praticam parentalidade generativa, acontece muitas vezes, perante um acontecimento doloroso da vida, agir como se não fosse importante. Por exemplo, quando alguém que amamos morre, ou quando somos feridos ou violados na nossa integridade, podemos agir como se nada tivesse acontecido, porque as emoções que acompanham o verdadeiro reconhecimento da situação são muito dolorosas. Esta dissociação pode ser sentida como parte do corpo desconectada ou quase ausente. E é assim que se programam, inconscientemente, crianças para o stress e outras patologias. Por exemplo, de repente, aparece uma dor que se torna crónica e voilá, ela representa precisamente essa parte do corpo que foi dissociada. Conheço bem, por experiência própria. Sem entrar em pormenores posso partilhar qu não soube fazer o luto da partida da minha irmã, até há um tempo atrás. Ela era uma jovem de 19 anos, com muita energia vital, com vontade de ser e fazer a diferença no mundo, e a fazer de facto já muitas coisas, com imensos projectos e, de repente, há um diagnóstico e em 10 meses, há um sofrimento que é inconcebível para nós, enquanto seres humanos e ela parte. Nesse momento a minha preocupação foi estar “inteira” para acompanhar os meus pais que ficavam só comigo e sei hoje, e senti também na altura, que eles fizeram o mesmo. E não vivenciei o luto como deveria e já mais tarde, já com a vivência da programação neurolinguística generativa comecei a prestar atenção às sensações que se manifestavam no meu corpo, a interpretar o que poderiam ser ou não e ainda assim, a resistir. De um dia para o outro, quando estou relaxada, em férias, aparecem umas pintinhas brancas no corpo. Assustei-me porque no dia seguinte tinha mais e no terceiro dia, ainda mais. Marquei logo uma consulta e quando cheguei a Portugal foi quase sair do avião e ir para o dermatologista. Eu já tinha feito pesquisas no Google, ia mais ou menos preparada. O médico disse-me: “tenho uma má notícia para lhe dar. Claro que me conectei à história pessoal e senti medo. Mas ele, disse-me logo: “tem vitiligo”. Fiquei tranquila e o médico insistiu: “ouça, é uma doença auto-imune, é crónica e é para a vida, não tem cura!” A forma como às vezes, os profissionais da área da saúde informam um paciente faz diferença! E tu trabalhas isto todos os dias, treinas, ensinas profissionais de saúde. É verdade que eu não cuidei do meu corpo, não o escutei, amordacei-o. Mas também só soube o que era de facto uma doença auto-imune quando a consultei uma médica de medicina ortomolecular que me esclareceu: “atenção, não tens nenhuma doença, tens emoções não vivenciadas e um terreno fértil, um ambiente, que é propício a que quando estás em desarmonia, no teu corpo, então, pode manifestar-se em forma de doença auto-imune.” Sandra, como é que se treina um profissional da área da saúde para a epigenética, para a influência dos pensamentos, crenças, emoções?

S.A – É muito bom trazeres essa questão porque isso remete-me para o que hoje se chama ciência subjctiva, que ganha cada vez mais espaço e fico muito feliz com isso, e que dá origem a modelos de saúde nos quais deveremos assentar o conhecimento nos novos profissionais de saúde. Esses modelos dizem-nos que os cuidados devem ser centrados na pessoa e que na base da relação terapêutica estão as crenças da própria pessoa. Portanto, as crenças passam a estar consideradas no próprio modelo. A partir do momento em que esta questão é colocada no modelo explicativo só faz sentido termos cuidado com a linguagem com que falamos com a pessoa com a qual estamos a relacionar-nos, que pode ser uma pessoa com uma doença ou pode ser simplesmente uma pessoa que vem à procura de um conselho. O novo conceito de saúde que está muito relacionado com o bem-estar, à prevenção e ao empoderamento da pessoa para decidir aquilo que é melhor para si. Porque o que tu fizeste é o que todos nós fazemos, vamos ao dr. Google e acedemos a toda a informação disponível, e tu sabes melhor que eu que na era da informação temos de ter um sentido muito critico, e portanto, o treino destes profissionais assenta no modelo que hoje, já podemos falar como estou aqui a falar contigo, já não há um tabu: “ah não, porque aquilo já não é uma medicina aceite”, não, é aceite! É aceite! São modelos integrativos, holísticos! Sim, podemos falar sobre isso e devemos considerar isso de uma forma clara na formação académica dos futuros profissionais. Tu levantas uma questão relativamente ao luto e a episódios marcantes, ficam presos no corpo, porque há uma descarga emocional tão intensa e tão difícil de gerir e a nossa inteligência emocional é activada aí e o que se tem passado é que essa vertente da inteligência emocional não é tão cuidada, partilhada, reconhecida. Eu confesso que da minha experiência como mãe, foi o desafio que o meu filho me trouxe. Foi efectivamente olhar com carinho, aceitar as emoções e nas vivências mais traumatizantes encontrar os recursos ou arranjar forma de que eles se activem, para que essa conexão com o corpo, com as emoções e com a mente seja algo natural e preventivo. Esse aspecto tem um potencial de prevenção gigantesco.

R.A – O corpo é sábio! E ele não utiliza as palavras que nós utilizamos e quando ele se manifesta, tendemos a calá-lo com palavras que verbalizamos dentro da nossa cabeça.

S.A – Sim e que representam algo que é diferente da tua representação e da minha representação e, portanto, o corpo fala efectivamente connosco! Nós é que estamos a aprender qual é o código de linguagem que ele tem para nós, não é?! E aí, a PNL, confesso que foi muito importante para mim.

R.A – A PNL generativa que é sistémica, onde aplicamos a sintaxe somática, o S.C.O.R.E dançante, que foi precisamente introduzido pela Judith DeLozier, pelo Robert Dilts, pelo Tod Epstein. Porque na sintaxe somática, a atenção foca-se na estrutura, na forma como os padrões emocionais se refletem no funcionamento do corpo e em como, a partir do corpo, construímos um Eu saudável, este Eu total. Portanto, escutarmos a ‘voz não verbalizada’ do nosso corpo, aquilo que o Dr. Peter Levine chama de “unspoken voice” (é um livro cuja leitura recomendo), é permitir que o corpo faça precisamente o que precisa fazer, a cada momento. Ou seja, investigamos as sensações internas, com curiosidade, sem julgamento. O que é que te parece?

S.A – Sim, e eu diria que esse é o caminho da consciência!

R.A – Até porque o corpo é considerado a mente inconsciente. Quando o calamos perpetuamos dor, trauma…

S.A – Isso! É extremamente importante haver essa aprendizagem que, atenção, vai mudando! O nosso corpo aos cinco anos pode ter uma linguagem perante o medo que nós percepcionamos diferente aos 20 anos, 40 anos.

R.A – Se somos energia, energia é movimento e não é constante, “tem” mesmo de ser assim.

S.A – Tem, tem e é muito importante a primeira experiência que temos dessa relação que nos remete para a infância.

R.A – e, ou para o útero, ou para a concepção, ou para sete gerações… Trabalhamos muito com a questão geracional na parentalidade generativa, com o trauma geracional, com o inconsciente colectivo e manifesta-se sempre no corpo. O momento que atravessamos globalmente, esta guerra é uma coisa… eu que sou bisneta de um combatente da grande guerra mundial, filha de um combatente da guerra do ultramar, ambos veteranos, ambos regressaram vivos e traumatizados. E ainda que não haja manifestações violentas, nunca presenciei com o meu pai e ele com o avô, pelo contrário, são pessoas carinhosas e muito atentas, mas sim, há manifestações no meu corpo. Antes deste conflito começar o meu corpo gritava e eu só dizia ao meu marido “algo muito grave vai acontecer no mundo”. Ele escutava e respondia que poderia ser algo ainda relacionado com a pandemia, ao que eu respondia que não, que era algo muito grave, global que me deixava profundamente inquieta… E logo nos primeiros movimentos começo a perceber o que é que eventualmente pode ser. Havendo esta consciência facilmente podemos prever o que vai acontecer e, portanto, não me surpreendi quando a invasão aconteceu. Era previsível! O meu corpo tinha-me avisado! O corpo sabe o que a cabeça não consegue saber.

S.A – Sim, ele sente, claramente! O que acontece hoje em dia é que refugiamo-nos na “falta de tempo”. Não temos tempo para nos ouvirmos, não temos tempo para nos auscultarmos. O processo que tu trazes, valiosíssimo, aprende-se e é mesmo muito importante!

R.A – Quanto mais praticamos mais aprendemos! O que eu acho muito interessante e olhando para a minha filha mais nova, que teve a sorte de nascer de uma mãe que já tinha começado a criar a parentalidade generativa, coisa que a primeira não teve e as diferenças são evidentes, mas lá está, estamos sempre a tempo e acho que não provoquei grandes danos, observando a minha filha, percebo que é mesmo muito intuitivo e inato, ela diz-me “mãe estou muito energética”, é a expressão que ela usa e começa a saltar, e vai para a cima da cama saltar e depois diz-me que “já está quase” e continua. Eu só respondo que é o tempo que precisar de ser e está tudo bem. A seguir, vem ter comigo e é outra! Centrada, serena, muito presente. Eles são gurus! Ter esta consciência de que tem energia que não está a gerir e a criar homeostase e saber o que funciona e fazer… O que é que tu dizes aos pais?

S.A – Ouçam! Tudo o que eles dizem é verdade, tem sentido, muitas vezes nem nós mesmos percebemos a dimensão do que eles estão a dizer. Este escutar, é o escutar…

R.A – Sim, na parentalidade generativa dizemos que é mesmo escutar: ouço, escuto, estou presente, sem julgamento.

S.A – Na área da saúde também dizemos, é a escuta activa. E este é o primeiro exercício que todos nós, sejam ou não pais…

R.A – Definitivamente! É um exercício de reparentar! Por exemplo, a parentalidade generativa não é sobre as crianças. É sobre nós adultos, acolhermos, integrarmos e transcendermos a nossa criança interior. As nossas feridas, as nossas partes, chamem-lhe o que quiserem… Mas é sobre nós, agora, aqui e agora!

S.A – Tal e qual! Isso! O meu filhote disse-me recentemente que precisava de ajuda. Disse-me que quando entrava em campo, em jogo – ele joga basquete – quando sentia mais pressão, sentia que ia desmaiar, que parecia que deixava de ouvir. A minha primeira reacção foi de ouvir, escutar e perceber o que é que ele me estava a dizer. Logo de seguida disse-lhe para ele experimentar alguns dos exercícios que nós fazemos: palpar o corpo, sentir o corpo e se não se sentisse bem assim, bater com os pés no chão para que fosse uma sensação real, mais intensa e para experimentar. Foi a semana passada. O que é facto é que ele chegou a casa super feliz por tinha conseguido ultrapassar algo que já não era a primeira vez que ele sentia. Portanto, escuta é o 1.º passo e o 2.º passo é o de criar uma conexão com o que está a acontecer com os nossos filhos e ensiná-los a amar o seu corpo, a ouvir o seu corpo, a conhecer o seu corpo, porque não basta sabermos no livro onde é que estão os órgãos internos, não basta percebermos como é que é a respiração, temos que experiencar, todos os momentos são bons para experienciar.

R.A – isso é muito interessante e remete-me para o facto de que só podemos fazer isso se praticarmos em nós. Não me adianta de nada dizer às minhas filhas para escutarem o corpo, para o horarem se depois, eu mão, não for disso exemplo…. Quero mesmo pedir-te um conselho para quem nos escuta, porá saber como fazer isso, às vezes é muito desafiante, não estamos habituados, não somos educados assim… Por exemplo, eu tive que fazer trabalho em mim, com o melhor que os meus pais podiam e sabiam fazer, a questão do corpo nunca foi um tema em casa, nem mesmo falarmos sobre emoções. Nunca me disseram “não chores”, mas também não me incentivaram a que as expresse publicamente. E é natural, estamos em evolução, não é?!

S.A – Sim, falar de emoções e permitir o choro era algo de não se fazia. Regra geral, não… Em Portugal…

R.A – Em Portugal não, em Espanha não, em Itália também não. Aliás, é interessante, porque por onde eu tenho vindo a trabalhar no mundo, são poucos os países que o fazem. Mesmo nos países escandinavos. Eu tenho amigas e colegas suecas que tiveram esta experiência de vivenciar as emoções e tenho outras finlandesas, que nem por isso. Na Finlândia estão agora a braços com a questão do aumento do suicido na adolescência e jovens adultos. E neste momento, estão a chegar à conclusão de que criaram as condições óptimas para que corresse tudo bem, as emoções experienciadas eram sempre muito boas, até que chega a adolescência e a revolução hormonal e não sabem lidar com isso. Começam a surgir as primeiras emoções degenerativas e não sabem lidar com isto. É por isso que quero muito que nos digas, aos pais deste mundo, professores, a todos, que temos uma criança aqui dentro: como é que fazemos isto?

S.A – Reconhecer fisicamente e emocionalmente o nosso interior e é verdadeiramente o nosso interior, porque existem sensores interiores e as emoções refletem de facto, os nossos sentimentos. A emoção, depois os sentimentos e temos mesmo que os reconhecer. Reconhecer o nosso corpo, por exemplo tomar banho pode ser algo mais consciente, sentir o nosso corpo, o aplicar o creme, de forma mais consciente. Quando estamos connosco, estamos verdadeiramente connosco, com o nosso templo. As emoções e os sentimentos, eu aconselho a escrevermos, a fazermos journaling, no fim do dia escrever qual foi a emoção e o sentimento mais dominante.

R.A – Vai ao encontro do 2.º episódio. Se ainda não escutaram esse episódio do ESSENCIAL, podem fazê-lo e aprender mais sobre emoções generativas e degenerativas. Nesse episódio entrego-vos um exercício poderoso para mapear as nossas emoções. Um exercício que nos mostra em que emoções passamos mais tempo e nos permite escolher, em consciência e direcionar a atenção, para quais as emoções onde queremos viver presentes. E no 3.º episódio encontram uma meditação breve para conectar com o coração, com emoções generativas, com a intenção de gerar bem-estar físico, emocional e espiritual. Experimentem. Só assim sabem se funciona e como funciona.

S.A – Perfeito! Porque esse jounaling de facto, depois tem um outro impacto quando é trabalhado da forma que estás a dizer, de uma forma consciente, conectas o nosso coração com o nosso grande cérebro que mapeia tudo, não é?

R.A – Não sei se ele é assim tão grande… é em termos de tamanho e dos trabalhos em que nos mete…

S.A – Pois mete! De facto, o coração em termos de nervos, de enervação não fica atrás, antes pelo contrário.

R.A – Pois não. É pequenino, mas é o gerador biomagético mais poderoso do corpo humano, que conecta com o campo electromagnético da Terra. Isto diz tudo! Estavas a falar em reconhecermos, honrarmos… e isso remete-me para a questão mais feminina de crescermos a ouvir “tira a mão daí, aí não se mexe, isso não se mostra, ai que horror”… E aqui estou mesmo a falar das nossas partes mais íntimas. Mesmo a nível sexual, como é que podemos esperar que alguém consiga satisfazer uma necessidade sexual que temos se nem nós próprios sabemos como é que isso acontece connosco, como é que é esse movimento, como é que o activamos, como é que o experienciamos, como é que o expandimos até ao outro…

S.A – E isso remete-nos para a fase em que conhecemos o prazer e que é uma fase tão importante. Conhecemos o que está associado à dor, é algo que é natural, o parto que já não é tanto, mas ainda é de dor… e nessa fase assumimos verdadeiramente a parte do prazer e é verdadeiramente importante descobrimo-nos nessas emoções generativas que depois estão associadas ao prazer.

R.A – Que deveriam ser generativas, porque de facto, é um nível de conexão incrível entre dois corpos, entre dois espíritos. E muitas vezes torna-se numa relação degenerativa sem necessidade e porque não temos esta consciência do corpo.

S.A – O toque é muito importante, o auto-toque.

R.A – E para que isso aconteça temos de estar libertos de muita carga emocional presa no corpo, de muito trauma…

S.A – E para isso temos de reconhecer, temos de fazer o reconhecimento desta linguagem corporal. A dor na cervical ou na lombar, ou num pé ou num ombro, por vezes, na grande maioria das vezes está nalguma emoção que nós não acolhemos, que não reconhecemos, que se perpetua e que ganha uma dimensão mais crónica. A dor crónica chega a ter representação no nosso cérebro, atrofia a massa cinzenta, está documentado e vale mesmo a pena ver outras alternativas às respostas bio. “É uma inflamação”, sim, mas a inflamação vem de onde? Por vezes vem de um medo.

R.A – A inflamação é um sintoma e aqui voltamos ao S.C.O.R.E. da programação neurolinguística generativa, é um sintoma!

S.A – E às vezes, está num passado bem longínquo, como já o disseste e vale a pena exploramos e conhecermo-nos: auto-conhecimento! O reconhecer é central, o escutar é importantíssimo. Quando falo em auto-conhecimento falo em formação. É um querer conhecermo-nos, ter conhecimento, ir à procura das ferramentas, não ter vergonha de dizer que aos 40 anos está a aprender a descodificar e a perceber o que quer dizer… Não ter problemas com isso!

R.A – Nós na NLP University, na California, temos alunos com 80 anos. Imagina eu, com 45, a dar aulas a pessoas de 80?! As turmas são muito transversais. Há três anos tivemos uma aluna com 16 anos, um senhor com 80, uma senhora com 77… E é tão bonito. A perspectiva que têm da vida, a consciência… As descobertas que fazem agora… lá está, através do corpo, de dançar este movimento que nos habita e é tão belo, é libertar.

S.A – Até o ensino dos próprios valores às nossas crianças pode começar com o exercício do próprio corpo. A liberdade de poder andar descalça, a liberdade de poder andar com pouca roupa em casa, a liberdade experiencia-se também dessa forma. O respeito pelo seu próprio copo. Pode-se ensinar os próprios valores através desta relação com o corpo. A honestidade porque estás a ser honesta com o que estás a sentir e para isso tens de fazer o exercício de reconhecer.

R.A – O cuidar, esta emoção generativa tão bonita, a compaixão, e às vezes, tantas, maltratamos o corpo. Está tudo bem. Como é que eu fiz para não fazer diferente? E investigamos… Sandra, sei que esta é só a primeira de muitas conversas que vamos ter e agora peço-te que partilhes connosco um exercício para reconectarmos com o nosso corpo, a nossa casa. Aceitas o desafio?

S.A – Aceito, pois!

R.A – Vamos lá!

S.A – Convido-vos a fazerem o exercício de olhos abertos ou fechados, associado `s meditação, mas não tem necessariamente de ser meditação.

Respiramos fundo, três vezes. Permitindo que o ar entre, esta energia da vida, e deitar fora, expirar, expelindo tudo o que é tensões e emoções que estejam no nosso corpo. Vamos sentir o corpo. Colocando-nos numa posição confortável, vamos perceber se há pontos de tensão começando pelos ombros, o tronco, os braços, as pernas, os pés, vamos sentir…

Vamos respirar fundo e se houver algum ponto de tensão, observamos, acolhemos, reconhecemos… respirar fundo e quando expiramos libertamos essa tensão que existe, permitimos que ela já não esteja em nós, com carinho, respiramos fundo, isso…

Agora visualizamos uma chuva de luz branca, que nos banha completamente o corpo, passando pela cabeça, pelo pescoço, pelos ombros, os braços, o tronco, uma luz brilhante, branquinha… passa pelas pernas, vai até aos pés e que leva todo o resto da tensão que possa existir ainda. Permitimos que o corpo relaxe, que fique leve, isso mesmo… E agora, permitimos que entre uma luz pelo centro da cabeça que vai até à nossa coluna dorsal, que vai até ao sacro e se conecta com a terra, a nossa linha vertical e que é reforçada com as nossas raízes nos pés que vão descer pela Terra. Observamos que tudo está em harmonia. Já não há tensões, sentimos o nosso coração a bater, sentimos a nossa respiração, podemos colocar a mão no peito, isso… sentimos o calor, sentimos leveza e no nosso tempo, podemos regressar, abrir os olhos e olhar…

R.A – Tão bom!

S.A – É simples! Não tem de ser complicado!

R.A – Marcamos um segundo encontro para falar mais especificamente sobre como é que famílias e escolas podem trabalhar com as crianças a mente somática, este movimento que nos habita?!

S.A – Sim! Pode ser!

R.A – Sandra, muito, muito obrigada por seres e pelo tanto que nos entregas, diariamente. Estou muito feliz com esta nossa conversa ESSENCIAL! Com o deixar esta sementinha sobre a mente somática, sobre o corpo, porque o corpo não mente.

S.A – Não mente!

R.A – Que possamos todos ganhar consciência de que o passado vive em nós, inscrito no nosso corpo. Ganhar consciência e saber o que fazer com ela. Ou seja, a conectarmo-nos com as nossas memórias perceptivas, a memória que acontece no nosso corpo, com as sensações expressas pelo corpo e aprendermos a auto-regular-nos. Até lá, não conseguiremos sentir segurança, o corpo vai continuar a manifestar o que ainda quer ser acolhido, integrado, curado e continuaremos a percepcionar dificuldade nas nossas relações. Connosco, com os nossos filhos, com todos.

Os nossos filhos não vão sempre lembrar-se do que lhes dissemos. Mas vão para sempre lembrar-se de como os fizemos sentir. 

Encontramo-nos na próxima terça-feira, para entregar mais daquilo que acredito ser partilha de valor. Obrigada pela presença, pela abertura e curiosidade.

Escutem, leiam, pratiquem e se sentiram que valeu a pena, partilhem com mais pessoas.

Juntos co-criamos o essencial, um admirável e intencional mundo novo!

De coração!

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Uma meditação generativa, desde o coração https://www.ritaaleluia.com/uma-meditacao-generativa-desde-coracao/ https://www.ritaaleluia.com/uma-meditacao-generativa-desde-coracao/#respond Sun, 03 Apr 2022 07:02:50 +0000 https://www.ritaaleluia.com/?p=9166 Quick Coherence® Technique, uma meditação muito querida da parentalidade generativa, desde o coração que nos ajuda a gerar coerência e harmonia interior. Que é como quem diz, bem-estar físico, emocional e espiritual.

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Viva!

Depois do episódio anterior, quero mesmo partilhar convosco este extra do ESSENCIAL. Então, entrego-vos a Quick Coherence® Technique para adultos (em breve trago uma meditação específica para crianças). Uma meditação breve que está desenhada para gerar e regular pensamentos e emoções, que cria um estado de coerência através da qual é possível conectar com a inteligência intuitiva do coração.

Posso dizer-vos que no HeartMath e na NLP University California, nós não começamos nenhuma reunião sem antes praticarmos esta meditação, em conjunto. É uma das muitas meditações centradas no coração, que geram coerência entre coração (cérebro cardíaco) e cérebro racional, ensinadas no Practitioner em Parentalidade Generativa e nas famílias e organizações que vivem esta proposta parental e educacional, em todo o mundo.

A prática regular gera bem-estar geral, estados de criatividade, mantem-nos centrados no nosso melhor, no nosso coração. Funciona, sobretudo, quando praticada com regularidade. Utilizo muitas vezes um provérbio da tribo Asaro, da Indonésia, e que também utilizam nas tribos da Papua Nova Guiné, que aprendi há muitos anos com a minha querida amiga e madrinha da parentalidade generativa, a mãe da PNL, Judith DeLozier, e que nos lembra que: até que o conhecimento esteja colocado nos músculos é apenas um rumor. Ou seja, enquanto não está incorporado, não é realmente conhecimento.  Para que nova informação se transforme em conhecimento é mesmo necessário praticar, é a única forma de construir uma nova ligação neural.

Aliás, em 2000, Eric Kandel recebeu o Prémio Nobel da Medicina. O neurocientista descobriu, entre outras coisas, que quando aprendemos 1 Bit de informação, duplicamos o número de conexões no cérebro, de 1300 para 2600. E provou também que se não revirmos a informação, se não repetirmos, praticarmos, vezes e vezes a fio, o que aprendemos, se não nos lembrarmos… Os novos circuitos que estavam a ser criados no cérebro colapsam em poucos dias, dependendo da informação, colapsam até em horas!!

É por isso que é comum encontrar pessoas que começam a praticar parentalidade generativa, começam a ver luz e novas possibilidades e dizem-me: “parecia estar a correr bem, mas aconteceu (relatam o evento stressante) e…” voltam atrás, aos padrões de uma vida!

COMO É POSSÍVEL?

Enquanto o nosso cérebro for uma memória do passado, alimentado por emoções congeladas passadas, impressas no corpo, enquanto não definirmos e escolhermos ser guiados pela nossa visão, maior do que nós, nada de novo pode acontecer na nossa vida! 

Aprender gera novas conexões neuronais! Repetir, praticando, praticando, praticando é escolher manter e sustentar as novas ligações neuronais!

Estas levam a novos pensamentos, novas escolhas, novos comportamentos que conduzem a novas experiências que por sua vez, produzem novas emoções! É este ciclo do bem que nutre a mudança e transformação generativa que tão bem conhecemos com a vivência da parentalidade generativa.

Meditação Quick Coherence® Technique

Vamos começar a meditação. De olhos abertos ou fechados, como for mais confortável, colocamos a atenção no nosso peito, no nosso coração. E podem colocar a mão no coração, se preferirem. Imagem a respirar a entrar e a sair do vosso coração, respirando um pouco mais suave, lentamente que o habitual. E mantenham até sentir que é um ritmo natural. Agora, escolham sentir uma emoção generativa, por exemplo cuidado, gratidão, compaixão… por algo ou por alguém na vossa vida. Podem conectar-se com a emoção que sentem por alguém que amam, um animal, um lugar especial, uma conquista. Ou sintam apenas calma, paz, serenidade. Continuem a respirar essa emoção e esse sentimento no vosso coração, até sentirem harmonia dentro de vós. Isto gera uma nova conexão com a vossa sabedoria intuitiva, com o lugar onde fazem as melhores escolhas ou a escolha seguinte.

Já sabem, agora é praticar, praticar, praticar até se tornar um novo hábito.

Escutem, leiam, pratiquem e se sentiram que valeu a pena, partilhem com mais pessoas.

Juntos co-criamos o essencial, um admirável e intencional mundo novo!

De coração!

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O poder curador das emoções generativas: estou a gerar, nutrir e manter emoções generativas ou degenerativas? https://www.ritaaleluia.com/poder-emocoes-estou-gerar-nutrir-manter-emocoes-generativas/ https://www.ritaaleluia.com/poder-emocoes-estou-gerar-nutrir-manter-emocoes-generativas/#respond Tue, 29 Mar 2022 07:05:55 +0000 https://www.ritaaleluia.com/?p=9116 No ESSENCIAL desta semana, a influência de viver em coerência, alinhando coração - cabeça e o poder curador das emoções generativas. No final, um exercício simplificado, para descobrir em quais emoções passamos mais tempo – generativas ou degenerativas.

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Viva!

Desejo-vos bem!

Ainda estou a vibrar em gratidão com as mensagens que continuam a chegar-me sobre o nosso primeiro encontro. Obrigada! São realmente profundas, são importantes para mim, têm muito valor e acrescentam. Agradeço a vossa presença, a generosidade das palavras, o cuidado que demonstram convosco e ao próximo.

Óptimos indicadores de emoções generativas que são parte do tema deste nosso segundo encontro – não fossem elas os valores da Parentalidade Generativa!

Encontram também no blog do meu site, vários artigos sobre as mesmas. Sobre o que são, como activamos, nutrimos e como as mantemos, porque esse é o desafio maior: mantê-las. Vamos por partes.

Sabe-se hoje que, com maior ou menor intensidade, o trauma e as suas sombras ainda habitam cada um de nós. O trauma colectivo, seguramente. E aqui, porque as palavras criam imagens, sensações… por trauma, entendo por exemplo, as experiências subjectivas que sobrecarregaram o sistema nervoso e a nossa capacidade de lidar com as mesmas: o que nos aconteceu na ausência de uma figura empática, o que era suposto ter acontecido e não aconteceu. Sobretudo na infância. Porque quem sofreu trauma na infância, tem um sistema nervoso completamente diferente de quem o sofreu em adulto e tem também, uma forma totalmente diversa de lidar com eventos mais desafiantes e gerar resiliência. E mesmo quando o trauma acontece em idade adulta, ele tem o terreno fértil na infância. O trauma faz com que as nossas emoções e sensações fiquem presas no corpo. Portanto, o contacto com as nossas emoções fica limitado pelo nosso trauma. Vou dedicar outros encontros – desconfio que muitos – só para explorar a questão do trauma. Até porque vivemos, colectivamente, um desafio enorme a este nível, muito relacionado com a invasão russa à Ucrânia.

A nossa capacidade de cuidar do próximo depende directamente da nossa capacidade de cuidar primeiro de nós próprios

Hoje, quero colocar particular atenção no facto de que, enquanto seres humanos que somos, cuidadores, sejamos ou não pais, devemos ter consciência que a nossa capacidade de cuidar do próximo depende directamente da nossa capacidade de cuidar primeiro de nós próprios!

E isto aplica-se, naturalmente e também, aos profissionais de saúde mental. Tenho cada vez mais alunas e clientes (a maioria ainda são de facto mulheres) que assumem o compromisso de aprender, praticar e levar para as suas clínicas, hospitais, centros de acolhimento, centros de refugiados, a abordagem centrada no coração, nas emoções generativas. Não para substituir as intervenções terapêuticas, mas sim, para as complementar. E o resultado tem sido profundo, transformador. Para todos!! Seja em que parte do mundo for! Ou seja, aqui, o mapa cultural, religioso não interfere. É uma experiência universal.

Há muito mais no nosso coração do que aquilo que julgamos ser possível, ou pelo menos, daquilo que nos ensinam desde pequeninos. O coração tem na verdade, um papel principal na vivência de uma vida balanceada, em harmonia, amorosidade e com significado! É um cérebro, com o seu próprio sistema nervoso intrínseco que pensa, sente e tem memória.

A maior viagem é entre a cabeça e o coração

Quando uma mãe, um pai, um profissional vive centrado no coração, vive em estado de recursos, conectado com quem é e com o fluir da vida. Num estado de abertura, curiosidade e criatividade, ou seja, vive num estado generativo. É de resto assim que criamos espaço para escutar, desde um lugar mais profundo, de unidade, coisa que não acontece se ouvirmos e estivermos só na cabeça, no cérebro racional, que é por si só um órgão dual, com hemisfério direito e esquerdo, mesmo existindo a neuro-plasticidade. Quando vivemos na cabeça, a tendência é olharmos para o mundo com as lentes do “isto é certo, aquilo é errado”, “aquela pessoa é boa, a outra pessoa é má”… Há um provérbio indígena que diz que a “a maior viagem é entre a cabeça e o coração”. Tem sentido.

Centrados no coração, conseguimos aceder a uma inteligência mais profunda, à intuição, criamos um campo vibracional que ajuda e muito, na auto-regulação e na co-regulação. Somos seres que existimos em co-relação. Esta acontece quando existe coerência coração – cérebro (cognitivo). São as emoções geradas no nosso coração, as emoções generativas ou as emoções degenerativas que enviam um sinal claro ao cérebro que, por sua vez, determina a forma como nos sentimos e como vamos agir. Determina se estamos ou não seguros e a partir daí, a qualidade da nossa presença!

A vivência da parentalidade generativa reconecta-nos com o coração. É um regresso a casa. Reconecta-nos com a unidade. É assim que fazemos melhores escolhas, a cada momento. O coração ajuda-nos a dar novos significados às nossas experiências. Reenquadra-as. Não altera o que aconteceu, mas permite-nos acolher, integrar e transcender as experiências. Como? Honrando-as, aprendendo com as mesmas.

Então, como ajudar aqueles que ajudam?!

(Re)Humanizando-os! Porque quando erguemos muros invisíveis na presença do outro, estamos a perpetuar dor, sofrimento e trauma. Estamos a contribuir para a retraumatização, em vez de ajudar a acolher, integrar e transcender. Por exemplo, o co-criador da PNL, o Frank Pucelik, diz de uma forma muito interessante que nós, que somos profissionais da Programação Neurolinguística, o que fazemos é desprogramar robôs e devolvê-los à humanidade. Vale a pena reflectir sobre isto…

Como sou formada em trauma e resiliência pelo HeartMath Institute, além de facilitadora de coerência cardíaca, tenho acesso a todas as pesquisas elaboradas até ao momento pelo instituto, assim como por universidades, e todas elas demonstram que o cuidado genuíno e autêntico é de facto essencial para todas as partes! Hormonalmente, ao nível dos neuro-transmissores, da neuro-fisiologia, do ritmo cardíaco, do sistema nervoso… todos são nutridos pelo cuidado genuíno, pela compaixão!

O que parece faltar?

Permissão para cuidar!

Permissão para sentir!

Permissão para amar!

E isto começa no ventre!

Porque o amor é a melhor medicina! E é também o que todos merecemos e precisamos para viver plenamente!

Aqui, começamos a entrar naquilo a que o HeartMath chama o conceito científico de amor. Se eu estiver na China, e isto já me aconteceu, e disser a uma mãe chinesa: se nada funcionar, coloca mais amor. O mapa desta mãe sobre o amor é igual a disciplina e disciplina na China é igual a punição, a castigos, é permitir que a violência física e psicológica se perpetue. Por isso, utilizamos a palavra amor apenas em contextos nos quais sabemos que o conceito já está intencional e conscientemente definido. O conceito de amor varia de mapa cultural para mapa cultural.

Só que, porque o amor produz coerência e um ritmo cardíaco mensurável, que altera a forma como funciona o sistema nervoso, que diminui por exemplo, a produção de cortisol. Quando falamos deste tipo de amor, não precisamos encontrar comportamentos associados basta a vibração do cuidado e compaixão genuínos, desde o coração.

Associadas ao coração estão as emoções generativas: cuidar, compaixão, gratidão, alegria… são emoções que nos regeneram, conectam-nos, aproximam-nos e permitem criar comunidade. São o oposto das emoções degenerativas, que nos desconectam, drenam a nossa energia vital e que tão bem conhecemos como zanga, preocupação e frustração…

Gerar e manter emoções generativas em nós é oferecê-las ao todo. Porque cada um de nós é um campo (de energia) e esse campo eletromagnético contém informação. Isto é ciência. Nesta informação estão as emoções que sentimos a cada momento. A ciência diz-nos que as vibrações estendem-se a uma distância, pelo menos de nove metros (do nosso corpo). Portanto, sim, os nossos filhos (e todas as pessoas) sentem as nossas emoções, mesmo quando não as verbalizamos, mesmo quando o outro não compreende o que sente e está próximo de nós. E vice-versa.

“Amar é mais do que uma forma maior de consciência e consciência é percepção.”
António Damásio

Como diz o nosso neurocientista Dr. António Damásio: “amar é mais do que uma forma maior de consciência e consciência é percepção”. Percepção é colocar atenção, e colocar atenção no coração é viver presente e perceber, a nós e ao outro, e é assim que nos sentimos finalmente seguros para criar a partir do desconhecido, a partir do campo das infinitas possibilidades, do campo quântico.

Ocitocina, a hormona do amor e do vínculo

Acontecem cerca de 40 mil mudanças neuroquímicas quando mudamos o nosso estado emocional. A maior parte destas mudanças são hormonais, é por isso que tantos se acostumam à adrenalina e ou, ao cortisol, hormonas de stress, por oposição à ocitocina, que produz sensações de bem-estar físico, emocional e espiritual. A ocitocina que é a hormona do amor e do vínculo. A libertação destas hormonas cria alterações físicas significativas possíveis de medir na tensão arterial, nos ritmos cardíacos, no metabolismo.

Por exemplo, a ocitocina, é uma resposta ao toque seguro. A ocitocina que circula no nosso corpo, conecta com os receptores da ocitocina no coração e o ritmo cardíaco torna-se mais harmonioso. Ao mesmo tempo activa partes do nosso cérebro que nos fazem sentir amados e seguros. Vai ao encontro do que partilhava convosco no 1.º episódio, que corpo e mente são um só, estão interconectados e influenciam-se mutuamente.

Exercício Depletion to Renewal Grid

Quero convidar-vos para um exercício simplificado do original, que se chama de Depletion to Renewal Grid. É um dos vários modelos ensinados e muito aprofundados no Practitioner em (re)Parentalidade Generativa. Porque todas as emoções provocam alterações neuroquímicas que afectam o nosso corpo, a nossa bateria interior e resiliência, a nossa capacidade de gerar, nutrir e manter a qualidade da nossa energia, queremos mesmo muito, estar atentos a quais são as emoções que geram quais alterações, especificamente. Este modelo permite fazer um mapeamento do nosso estado emocional presente. No fundo, mostra-nos onde estamos, relativamente a onde queremos estar mais vezes.

Numa folha A4 traçamos uma linha vertical e outra horizontal, dividindo assim a folha em quatro partes iguais. Na parte superior esquerda escrevemos: zanga, ansiedade, medo. E do lado direito: excitação, alegria, coragem. Já na parte de baixo, do lado esquerdo ficam a tristeza, a solidão e a vergonha e do lado direito, também em baixo, a apreciação, o cuidado e a gratidão. Coloquei a infografia deste exercício, no artigo deste episódio, no blog do meu site, para ser mais fácil a visualização e realização do mesmo.

A linha vertical indica a quantidade de actividade presente no sistema nervoso autónomo e a quantidade de energia que o nosso corpo está a utilizar. Quanto mais intensa for uma emoção, seja prazerosa ou não, maior a actividade no sistema nervoso.

A linha horizontal significa o nosso sistema hormonal. O tipo de hormonas libertadas é afectado pela intensidade e qualidade de uma emoção. Por exemplo, quando geramos emoções generativas como: cuidar, compaixão, apreciar, são igualmente libertadas hormonas que aumentam a nossa capacidade de resiliência e vitalidade.

Agora, olhando para a folha, as perguntas são:

  • Em que quadrante me encontro agora?
  • Onde é que eu me encontrava ontem?

É possível que num momento estejamos num quadrante e noutro momento, num quadrante diferente. Porque falamos de energia e a energia não é constante. Portanto, aqui importa perceber em qual quadrante passamos mais tempo.

Por exemplo, se passamos a maior parte do tempo no quadrante da ansiedade e depressão, basta colocar aí um X. Com isto ganhamos consciência que passamos a maior parte do tempo a gerar, nutrir e manter emoções degenerativas. Ou, podemos sentirmo-nos calmos, em harmonia a maior parte do tempo. O que é sinónimo de emoções generativas. Identificado o quadrante onde passamos mais tempo, vale a pena escolher, em presença e consciência, qual aquele onde queremos vir a passar mais tempo!

E agora, é hora de elaborar uma lista de quais as situações trigger que nos conduzem a estar no quadrante onde ainda passamos mais tempo. Só assim tornamos consciente o inconsciente e apanhamo-nos “na curva” se em vez de estarmos onde queremos estar, dermos por nós onde temos andado nos últimos tempos.

Todos temos exemplos na vida, das vezes em que seguimos o coração e correu bem, certo? Sinto que apesar de toda a “loucura” latente nos dias de hoje, os gestos que emergem das emoções generativas, têm de facto, ganho muita expressão e incorporado a Humidade, com uma intensidade e de formas como eu pelo menos, nunca tinha visto assistido antes. E no HeartMath conversamos com regularidade e também estamos a ser surpreendidos pela positiva. E isto, dá-nos esperança!

Aliás, o Dr. Roger Nelson, da Univerdade de Princeton, que criou e conduz o projecto de Consciência Global e trabalha também com o HeartMath, tem vindo a medir os efeitos das emoções generativas e degenerativas no quadro global e está absolutamente convicto que, por exemplo, a compaixão e a conexão vão transcender o ódio e a separação.

E é com o coração a vibrar em esperança, em compaixão que me despeço por hoje. O ESSENCIAL volta na próxima terça-feira. Agradeço a presença, a abertura e a curiosidade.

Escutem, leiam, pratiquem e se sentiram que valeu a pena, partilhem com mais pessoas. Juntos co-criamos o essencial, um admirável e intencional mundo novo!

De coração!

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6 pressupostos que transformam vidas: O ESPÍRITO DA PNL https://www.ritaaleluia.com/6-pressupostos-transformam-vidas-espirito-pnl/ https://www.ritaaleluia.com/6-pressupostos-transformam-vidas-espirito-pnl/#respond Tue, 22 Mar 2022 07:02:59 +0000 https://www.ritaaleluia.com/?p=9047 O 1.º episódio do podcast ESSENCIAL traz-nos 6 pressupostos que transformam vidas, são o espírito da PNL! E traz também um exercício que vão mesmo querer vivenciar!

O conteúdo 6 pressupostos que transformam vidas: O ESPÍRITO DA PNL aparece primeiro em Rita Aleluia.

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Este é o 1.º episódio do Essencial, o podcast semanal que nasce agora e nos traz já o espírito da programação neurolinguística, ou seja, os seis princípios da PNL que transformam vidas. Podem escutar aqui.

“É muito interessante voltar a estar de microfone aberto, agora numa versão que dizem ser a filha da rádio. Ainda a recuperar de uma infecção causada por aquele atrevido que aí anda e ainda não nos largou. Portanto, este som nasalado é fruto desta recuperação que está em curso. Ainda eu era jornalista, na altura na SIC, criei e conduzi em simultâneo, um programa na TSF Madeira que se chamava “ser criança”. Curioso que na altura ainda não fazia ideia que existia a programação neurolinguística e ao mesmo tempo, já estava tão perto de a conhecer, de transformar a minha vida, e começar a trazer ao mundo a parentalidade generativa… 13 anos depois, volto aos microfones, agora com o Essencial.

E acho que é por isso que me sinto entusiasmada e confortável neste lugar. Porque embora com semelhanças à rádio, há diferenças substanciais. Não deixa de ser novo, ainda assim, sinto-me sem aquele peso de quem está a fazer algo pela primeira vez. Parece-me que a minha vulnerabilidade está sossegadinha e deu espaço à minha imensa curiosidade. Muita mesmo!

E isto é bom sinal, é um bom indicador de generatividade. De que estou conectada com o meu coração, com o meu centro e com algo maior. Um bom indicador de que estou a entregar algo em que acredito e que sei, por experiência própria e profissional, que pode mesmo transformar a humanidade. Primeiro a nossa, claro. Como eu costumo dizer, pessoa a pessoa, família a família, comunidade a comunidade.

Quero começar este nosso primeiro encontro com algumas linhas orientadoras. Com pressupostos, que não são verdades, são sim uma epistemologia, conceitos, filtros da Programação Neurolinguística, aos quais a mãe da PNL, a minha querida Judith DeLozier, que também é madrinha da Parentalidade Generativa (PG), chama “O ESPÍRITO DA PNL”, e que nos abrem a um admirável mundo novo de possibilidades. São na verdade, os pilares da PNL.

A vivência destes pressupostos permite que vivamos presentes e abertos a construir um novo modelo de quem somos, do exemplo que queremos ser e ver no mundo. Até porque a vida e a mente são processos sistémicos, estão interconectadas, influenciam-se mutuamente. Os processos que acontecem numa pessoa, no seu ambiente, são sistémicos. O que acontece a um, acontece a todos. Aliás, o realidade global demonstra-se isto muito bem!!

Mesmo quando não falamos, quando não agimos, estamos a influenciar o sistema. Não é possível não influenciar, não é possível não comunicar. E aqui realço que a inação tem muitas vezes mais consequências que a ação…

Ao vivenciarmos estes princípios da PNL podemos recolher nova informação, sem fazer julgamentos, presentes no corpo, atentos aos nossos pensamentos, imagens… Passamos a operar de forma diferente, a criar a nossa vida e a agir com influencia expansiva no mundo.

Foram estes pressupostos que permitiram criar toda a tecnologia de técnicas que hoje a PNL oferece. Quero lembrar que a PNL é uma forma de vida. Não quero colocar o foco no conhecimento cognitivo dos pressupostos. Trago antes, uma espécie de ponte que conecta. Em tempos de incerteza, mudança, como aquele em que vivemos, sobretudo hoje, viver sob estes filtros pode mesmo ser a diferença que faz a diferença.

O mapa não é o território

A nossa percepção do mundo, não é na verdade o mundo em si. É apenas uma representação da realidade. É o nosso território, mas só o nosso e é diferente do de qualquer outra pessoa. É por isso que a realidade é sempre subjectiva e existem infinitas prespectivas sobre a mesma coisa. Por exemplo a mesma palavra tem um significado completamente diferente para diferentes pessoas. Ou seja, o mapa é o que os nossos sentidos captam e essa informação é filtrada pelas nossas crenças, valores, pela nossa história pessoal…

Trabalho com algumas organizações nos EUA, ligadas à justiça social, à mudança social e é curioso perceber que no sistema há sempre um inimigo, um “bad guy”. E o interessante é que normalmente estes “bad guys” são também os melhores aliados. Só que para isso acontecer é preciso saber lá chegar, construir pontes. Não temos que ter e vestir o mapa do mundo do outro, mas temos de conhecer e ser sensíveis ao mesmo.

E é muito importante ter presente que não há mapas melhores ou piores. Há mapas mais ou menos ricos. E todos os mapas são pautados por generalizações, por omissões e distorções. E o mesmo mapa pode não ser útil num contexto e servir noutro. Em PNL não descartamos nada, gostamos muito de ter possibilidades!

É muito importante reter que o mapa mais compassivo vibra sempre em amor e tem uma abertura maior para acolher outros mapas e expandir. Sem julgamentos.

É muito engraçado porque entre colegas, quando sentimos que a conversa está a “aquecer” e a surgir rigidez no campo, costumamos evocar imediatamente: “Ok!! Mapa é mapa! Não é território, certo?!” E saímos automaticamente da pré-alucinação que estávamos a criar.

O princípio da intenção positiva

Se me encontro perante uma situação desafiante, assumo que há uma intenção positiva do outro lado e que a outra pessoa faz o melhor que sabe e pode naquele momento, ou não?

Aqui tenho sempre muito cuidado com a palavra POSITIVA, porque é um julgamento. Os sistemas vivem em adaptação. Se nos desconectamos do resto do sistema, a intenção positiva é apenas para connosco e isto não é altruísmo, é retração, reação, pode ser um comportamento adaptativo, por exemplo proteger-me, sobreviver, mas os resultados podem ser devastadores. É por isso que se diz que “de boas intenções está o inferno cheio”…

Por exemplo, numas férias passadas, houve uma situação de conflito entre a minha filha mais nova e a mais velha. A mais velha foi buscar o único livro que a mais nova tinha levado na mala. Ela não gostou e correu atrás da irmã, aos gritos para lhe bater. Quando percebi o que se estava a passar decidi intervir. Perguntei à mais nova o que estava a fazer. Ela olhou para mim com uma cara furiosa onde eu li: “só podes estar parva, não?!” E respondeu-me: “estou a bater-lhe, não vês?!?!”. Respondi que “sim, vejo e também vejo que isso é um comportamento violento, que desrespeita a tua irmã e a ti. O que é que queres com esse comportamento?”

– “Quero que ela me devolva o livro já!”

– “Porque é que isso é importante para ti?”

– “Porque não é justo, mãe!! Eu só trouxe este livro e ela tem imensas coisas para se entreter!”

– “Ah! Então dizes-me que queres fazer justiça?”

– “Sim!!”

– “Ok! A mãe vai sempre apoiar-te nessa escolha! Sempre! Só que com palavras e gestos de paz, meu amor!”

O que parecia negativo tinha a intenção positiva de trazer ao campo justiça, só que o comportamento era totalmente inadequado e violento. Portanto, o trabalho é encontrar formas ecológicas para todos de satisfazer a intenção positiva, através de pensamentos, comportamentos que sirvam todo o sistema.

Por outras palavras, é mais produtivo responder à intenção do que simplesmente reagir à expressão da intenção!

As pessoas fazem as melhores escolhas que podem com os resursos aos quais conseguem aceder a cada momento

Se tivessem mais escolhas no seu mapa fariam seguramente diferente. E não tem a ver com o mapa ser bom ou mau. Tem a ver com o quão rico ou limitado é o mapa. O mapa mais rico, ou seja, aquele que tem mais escolhas, vai ter mais influência no sistema. Mais fácil é lidar com obstáculos, ser resiliente, acolher, integrar e transformar… Isto quer dizer que quanto mais rico, mais informado, mais podemos expandir a outros mapas.

A PNL diz-nos que temos no sistema, dentro de nós é à nossa volta, todos os recursos que precisamos. O que acontece muitas vezes é que os nossos filtros podem estar digamos que “embaciados” e afectar a visão do nosso mapa.

Quanto mais formas temos de perceber algo, melhor a entendemos. Criamos novas prespectivas.

Para crescer e transformar é mesmo preciso expandir o mapa pessoal do mundo.

Confesso que um dos meus maiores desafios é gerir esta minha necessidade quase permanente de ampliação do meu mapa pessoal. Adoro explorar temas novos, abordagens diferentes. PNL, neurociência, neurocardiologia, Epigenética, física quântica, antropologia, geo-política… Mesmo dentro destas áreas, por exemplo da PNL, já fui aluna de inúmeros Practitioners, master practitioners e Trainers Trainings, facilitados por master Trainers de diferentes linhas, incluídos Co-criadores e developers. E aprendo sempre, mas sempre coisas absolutamente novas, que expandem imenso o meu mapa e aumentam os meus recursos. Hoje sou seguramente uma pessoa muito mais flexível, curiosa, compassiva, a olhar o mundo com mente de principiante… e é assim que guio as minhas filhas.

Se queremos mudar algo no mundo, temos mesmo de começar em nós! No mapa interior!

Falhar versus feedback

Será que entramos no registo: oh bolas, falhei outra vez!! Ou será que nos dizemos: Hummm, o que é que aprendi com isto? Qual é o meu próximo passo?

Há uma história muito ilustrativa que gosto muito de partilhar. Um inventor deu uma conferência de imprensa na sua garagem. Uma garagem recheada daquilo a que ao comum mortal pode parecer “tralha”. Objectos e objectos por todo o lado. Um dos jornalistas sorriu e perguntou-lhe: “estes são os seus falhanços??” O inventor respondeu generosamente: #NÃO! Estas são respostas a perguntas que nunca tinham sido feitas!”

Parece-me que muda completamente a nossa percepção se pensarmos que as nossas falhas são na verdade respostas a perguntas que ainda não tínhamos colocado!

A energia flui para onde colocamos a nossa atenção

Já sabemos como funciona! Quando alguém aponta para o por do sol o que vê em frente do nariz é o dedo e perde todo o quadro. Aqui a pergunta é como é que movimento a minha energia, a minha atenção, expandindo-a… Presto atenção ao trigger que dispara em mim ou amplio o espaço? Por exemplo, há muitas pessoas que têm medo de ir ao dentista. Quando lhes perguntamos o que sentem, respondem que é o som da broca ou o cheiro… e enquanto ficarem focadas no trigger, não conseguem transformar a energia. Então, podemos verificar o que mais existe no ambiente que nos traz segurança e alguma serenidade, para aí colocarmos o foco?!… Isso muda automaticamente a nossa percepção, que é como quem diz, a nossa neuroquímica, fisiologia e naturalmente a nossa realidade.

Se é possível para um, é possível para todos

Podemos ainda não saber como, podemos ter de investigar e programar novas crenças, aprender novas habilidades, transformar a nossa energia, mas assumindo sempre, no coração, que se é possível para outro ser humano, é possível para nós!!

Na NLP University California, a única universidade de PNL do mundo, com sede no berço da PNL, na University California Santa Cruz, e da qual eu sou PNL Master Trainer e a representante em Portugal, nós dizemos que PNL, NLP em inglês, significa: NOW LETS PLAY – agora vamos jogar/ brincar… É esse o convite que estendo.

1.º passo: escrever cada pressuposto num papel;

2.º passo: colocar os papéis no chão , em forma de círculo – assim tornam-se âncoras espaciais;

Estas âncoras espaciais são significativas porque nos permite mover o corpo para um espaço novo e sentir nele o pressuposto, sem que a cabeça fique presa noutros pensamentos… isto ajuda a criar uma nova ligação neural;

3.º passo: colocar no centro do círculo um papel com a palavra: problema ou desafio se preferirem. Pode ser uma questão que temos com outra pessoa, ou um desafio interno connosco próprios, até porque é sempre isso que é, um desafio interno que pode ou não manifestar-se na relação connosco e com o próximo…

4.º passo: De fora do círculo, conseguem observar todo o espaço, sem estarem associados aos pressupostos ou ao problema. É um espaço neutral, de não julgamento. E é aí que começamos. No espaço da curiosidade!

5.º passo: Agora, damos um passo para o centro do círculo. Em cima do papel problema, voltamos a vivenciar o contexto do mesmo. Conectamos com o que acontece dentro de nós. Fazemos o que em PNL chamamos de inventário ou verificação. Que emoções surgem, que sentimentos, pensamentos, que histórias me estou a contar, que sensações sinto, o que vejo, escuto, quando isto acontece… no meu corpo, na minha cabeça… notem o que acontece à respiração, aos ombros… como é que sabem que estão a sentir o que sentem?…

Esta verificação é muito importante porque é a estratégia que utilizamos para criar o problema. Isto quer dizer que podemos então, criar uma nova estratégia ecológica, livre, que nos sirva e que sirva o sistema para gerar algo totalmente novo na vida.

Quero lembrar que quando nos sentimos deprimidos isso quer dizer que estamos a viver no passado. Quando sentimos ansiedade estamos a movimentar-nos no futuro. E quando estamos em paz, estamos no presente, que na verdade é o único momento que temos e onde residem as infinitas possibilidades.

6.º passo: Agora, saímos do centro do círculo e voltamos à posição de observador, ao lugar da curiosidade. Podemos sacudir o corpo, dar saltinhos, dançar… o que for mais confortável.

7.º passo: Escolham um pressuposto dos que estão no círculo. Aquele que ressoa mais com o que estão agora a vivenciar no corpo. E vão até lá. Conectem-se com essa ideia e deixem que flua.

Se escolheram, por exemplo, A ENERGIA FLUI ONDE COLOCO A MINHA ATENÇÃO, pode ser interessante conectarem-se com um momento da vossa vida onde tenham dito a alguém, que estava a viver um desafio: “vá, vê o quadro todo, há muito mais aí para ver, ouvir, sentir, explorar… notas a diferença?!”

Deixem fluir no vosso sistema. E façam com o corpo o movimento que surge.

Voltem ao lugar do problema. Façam o gesto que trouxeram do pressuposto. Notem que novas possibilidades surgem agora.

Um passo atrás, para a posição de observador. O lugar da curiosidade. E escolhem um novo pressuposto para visitar. Vivenciem da mesma forma que o anterior. Façam o mesmo com todos os pressupostos. Notem sempre a mudança positiva e o que é agora possível.

Fico muito curiosa para saber como foi este vosso processo. Adoro saber o que ressoa desse lado, o que mais conectou com os vossos corações. E se neste processo, ainda parece que pouco se transformou, é só um começo. É o início de algo completamente novo, intencional, com significado. Generativo!

Estou muito feliz com este nosso encontro: ESSENCIAL!

Volto na próxima terça-feira, para entregar mais daquilo que acredito ser partilha de valor. Obrigada pela presença, pela abertura e curiosidade.

Até lá, e porque a inclusão é um valor importante para mim, este episódio está também disponível, em forma de artigo, no blog do meu site: www.ritaaleluia.com

Escutem, leiam, pratiquem e se sentiram que valeu a pena, partilhem com mais pessoas.

Juntos co-criamos o essencial, um admirável e intencional mundo novo!

De coração!

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