O querem as crianças e o que querem os pais, ou pensam querer
O que as crianças querem, não é necessariamente o que querem os seus pais. E ainda bem! As crianças são puras, perfeitas, vivem no presente, no aqui e agora que é o único momento que temos, ainda não tiveram (a sua maioria) tempo útil de vida para estarem presas a emoções traumáticas congeladas no passado, assim como o tempo é para as crianças, uma unidade de medida efémera (e também o devia ser para nós, adultos) e por isso, a questão do futuro nem se coloca, vivem em permanente estado de curiosidade e de criatividade, estado este que, aos olhos da Parentalidade com PNL & Generativa é o berço de uma relação com qualidade, onde encontram e experienciam a vossa forma de vida, enquanto família. E podia continuar a dar-te uma lista de exemplos, mas vamos a algo mais essencial.
Isto agora vai doer, mas prometo que já passa…
Crescemos todos, eu incluída (até começar a despertar), a acreditar que existe uma simbiose inata entre pais e filhos, onde o filho se torna o pai e o pai no filho e que esta é uma jornada tão bonita e tão romântica. Que os nossos filhos hão-de seguir-nos, agradar-nos, hão-de ser os melhores alunos, os melhores desportistas, que tudo farão para constar nos quadros de honra do mundo… tanta ilusão e inconsciência, projectadas sob a forma de boas intenções e só para que sintamos que temos poder, que estamos a desempenhar um fantástico papel de mãe, de pai e possamos postar nas redes sociais ou mostrar, ao vivo e a cores na próxima reunião de família.
Os nossos filhos veem através de nós, mas não são nossos, assim como não veem a este mundo para preencher os nossos vazios, insuficiências, para que nos sintamos inteiros, para alimentar o nosso ego. Quando acordamos para esta (dolorosa) realidade, estamos a dar o primeiro passo numa viagem sem retorno, que nos conduz a uma parentalidade absolutamente generativa.
O que querem todos os pais não é o que querem todas as crianças?
Não, não é, isso é apenas mais uma fantasia. Em todos os países onde trabalho, ouço muitas famílias, confessarem que amam incondicionalmente, que se orgulham dos seus filhos, que ser pai, ser mãe, dói e “dói muito”, garantem. Dizem-me que os filhos não são, nem fazem o que eles pais, querem, que não reconhecem o esforço que eles, pais, fazem para que eles frequentem a melhor escola, alcancem os melhores resultados desportivos…. Pergunto sempre (sem julgamento) como fazem para sentir tanta dor. A resposta varia entre o “amo demais”, “sinto-me culpado por não fazer mais”, “falhei” e o “não sou suficiente”, “não sou boa mãe”, “já tentei tudo e nada funciona” …
Esta dor é medo, é insegurança, é nunca ter sido visto pelo que se é verdadeiramente, na sua essência, quando foram crianças, é a incapacidade dos pais, agora adultos, para assumirem responsabilidade pessoal e serem capazes de aceder aos seus recursos, atribuindo um novo significado à sua história pessoal, tantas vezes recheada de rejeição, num comportamento que se propaga por sete gerações.
Esta auto-punição, emerge do julgamento e de expectativas. Esta dor não é escolhida, é imposta pelo inconsciente, gerando desconexão, controlo e vergonha, e não é o que os pais querem receber dos filhos! Esta dor leva a que as crianças entrem numa espiral de desespero, em tentativa permanente de aceitação, vestindo papeis que não são, nem devem ser os seus, na vã tentativa de agradar um pai, uma mãe que ainda não conseguiu acolher e curar a sua própria criança interior. E nada disto é o que as crianças querem dos pais. Este é um modelo parental falhado, sem espaço para que cada um pertença, podendo ser quem é, um modelo que exclui e não expande. Onde se replicam práticas parentais inconscientes. É esse o único legado que muitos pais conhecem e com aquilo a que chamam amor (o único que receberam), querem consagrar aos seus filhos, fazendo o melhor que podem e que sabem, a cada momento, repetindo padrões disfuncionais. E não, não são culpados e sim, podem mudar!
Pais que aprendem a fazer diferente e a quererem, conscientemente
O momento é agora! Nós, adultos, pais, educadores, temos o poder de mudar e de criar um modelo consciente! Como te revelo no meu novo livro “Gurus de Palmo e Meio”, a proposta da Parentalidade com PNL & Generativa, transforma o paradigma educacional, ajuda-te a construir estratégias conscientes de como é possível fazer diferente, fazer mais, fazer melhor, numa simetria entre ego e alma, com amor, atravessando a dor, transformando-a a nosso favor. Identifica que amor é esse, de onde emerge, como é que o estás a viver e a comunicar.
O Prof. Dr. Daniel Siegel, presenteou-me/nos com esta mensagem tão poderosa para partilhar com as famílias (podes lê-la completa no Gurus de Palmo e Meio):
“O conceito que sustenta o “eu” em vez do “nós”, tem, desde há séculos, criado miséria e desespero. É a causa da desconexão e do sentimento de que não pertencemos, que por sua vez gera depressões, ansiedade, suicídio… A única coisa que podemos fazer para salvar a humanidade é agirmos para transformar, é criarmos uma mudança profunda.”
E tal como o Dr. Siegel, também eu acredito que os nossos filhos chegam para nos mostrarem onde podemos ainda crescer, para nos libertarem das amarras de um passado de dor.
E é por isso que considero que a relação pais – filhos pode bem ser a mais espiritual e generativa de todas, tendo o poder de colocar o fim à dor, aos conflitos, às adições, ao crime e de tornar este mundo num lugar melhor para todos. Através das práticas conscientes e generativas da Programação Neurolinguística (PNL) observamos, identificamos e transformamos os padrões, crenças e valores limitadores. Criamos relações saudáveis, autênticas e para a vida. Os pais acedem a estados de consciência nunca antes experienciados e criam uma família generativa, lado-a-lado com os seus gurus. E então, sim, o que as crianças querem, passa a caminhar com o que os pais querem, porque todos sabem, em consciência o que isso é e têm a liberdade de manifestar os seus desejos, necessidades e opiniões, por um mundo melhor.