Quando a protagonista é a curiosidade
Bem-vindos a este 7.º episódio ESSENCIAL. Hoje muito pessoal, talvez mais do que eu gostaria, mas tenho a certeza que tem sentido. Quero antes de mais agradecer as muitas mensagens que me têm chegado, tanto com feedback dos episódios anteriores, como com votos de muito amor e luz para o desafio que agora abraço. E para quem não sabe do que falo, conto-vos então, que regressei ao jornalismo ativo. Regressei à profissão que dizia ser minha desde pequenina, e mais, regressei à primeira ilha que visitei com três anos, à Pérola do Atlântico, a Madeira. Sou neste momento a correspondente da CNN Portugal e TVI, neste paraíso e é por isso que o ESSENCIAL pode, nalguns momentos, deixar de ser semanal. Se acontecer, já sabem, é reflexo de uma intensa semana noticiosa noutros canais de comunicação.
Curiosamente foi na Madeira que me tornei mãe, que nasceu a minha primeira filha, e na altura eu também era jornalista, noutro canal informativo. E hoje o que quero partilhar convosco tem a ver, nem sei se lhe chame as voltas que a vida dá, os desígnios divinos, do universo… prefiro falar de mistério. Mas é um mistério que acredito que quando é acolhido e atravessado permite que vivamos em plenitude, em inteireza.
Quando a minha filha mais velha tinha três anos eu escolhi guardar o jornalismo e ser mãe a tempo inteiro. Esta é uma expressão que acorda algum desconforto, porque, parece-me que quando somos mesmo mães, somos mães a tempo inteiro, mesmo quando trabalhamos fora de casa. E a questão é mesmo essa. Eu não sentia estar a ser mãe a tempo inteiro, jornalista sim, mãe não. E já partilhei convosco, nos meus livros e palestras que isso se devia ao facto de eu viver desconecta de mim mesma, da minha essência e, portanto, naturalmente desconectada da minha filha e da maternidade. E claro, tudo isto era um processo inconsciente que só ganhou espaço na consciência depois de eu começar a estudar programação neurolinguística (PNL).
Só que, de alguma forma, o coração vibra e aponta o caminho. E nessa altura, como sempre aliás, decidi segui-lo. Depois de 16 anos de jornalismo, muito ativo, estava mesmo muito curiosa para perceber como seria ser a tal mãe a tempo inteiro.
Ou seja, o que me fez sair foi a mesmo a minha enorme curiosidade. E agora, muitos me perguntam. Rita, mas o que é que mudou? O que te faz voltar? E a resposta é precisamente a mesma que dei quando escolhi sair, a curiosidade. É um valor muito importante para mim.
A curiosidade de perceber o que é que todo este conhecimento de comunicação maior, incorporado, pode de facto, fazer a diferença neste meio, com impacto consciente no mundo, trazendo outras perspetivas, olhares, histórias que produzam reflexão nos demais, ação e transformação, na criação de um mundo melhor. Isso não se consegue com um pensamento único que parece estar, cada vez mais, enraizado nas sociedades. A curiosidade de perceber o entrevistado agora desde várias posições, múltiplas perspetivas. E a curiosidade de perceber o impacto global de um jornalismo intencional, consciente. E neste momento, estou já em condições de vos dizer que FAZ MESMO MUITA DIFERENÇA!! TODA!!
É muito interessante reconhecer o padrão do entrevistado, o metaprograma, os auxiliares linguísticos, o sistema de representação preferencial… enfim, reconhecer diria que uma humanidade especifica e única que habita cada entrevistado e a mim própria, antes de lhes colocar questões. É maravilhoso perceber de onde emergem as perguntas, desde que lugar, com que intenção, com que nível de humildade…
E assim, continuo também a fazer o meu percurso de desenvolvimento humano. Porque estamos sempre a falar do mesmo, de relações. E claro, o jornalismo em televisão não se faz só com o jornalista, existe o repórter de imagem, que no nosso caso também é o editor e também nisso sinto que sou abençoada.
E claro, tudo em si contém o seu oposto e neste caso, manifesta-se porque eu fiquei no Funchal, mas as minhas filhas e o meu marido ainda estão em Cascais, até ao final do ano lectivo. Uma decisão tomada, como sempre, em família, em ecologia para o nosso sistema. E agora é lidar com a distância física, com o desapego de um colégio maravilhoso, que acolhe como poucos as crianças, um conservatório e professor de piano que conecta coração com coração… isto tudo no caso da minha filha mais nova… Para a minha filha mais velha, tenho a certeza que aqui encontrará a humanidade, o profissionalismo e a vontade de incluir, que infelizmente e pela primeira vez, não se tem revelado uma realidade ao longo deste ano lectivo. E tudo isto acorda a vulnerabilidade. Só que eu também acredito que ela é uma ponte para relacionamentos e vidas mais saudáveis, para a conquista da alegria, da paz interior e do amor e para uma verdadeira conexão com o outro.
Mas não quero personalizar mais este episódio. Quero mesmo é notar a importância de viver no presente, presente em nós, a acolher, integrar e transcender cada emoção, sabendo que estas são momentâneas, que são como nós, energia, que se transforma. A importância da vivência da curiosidade em vez do julgamento, até porque assim é francamente mais fácil escutarmos as nossas vozes internas sem nos identificarmos com elas… dizer-vos que, uma vez mais, em todo este processo, sou guiada pelo coração. Mesmo quando sinto um arrepio no estômago, quando as dúvidas batem à porta… A pergunta é sempre a mesma: CORAÇÃO, O QUE FARIAS TU NESTE MOMENTO?
Encontramo-nos brevemente, para entregar mais daquilo que acredito ser partilha de valor. Obrigada pela presença, pela abertura e curiosidade.
Escutem, leiam, pratiquem e se sentiram que valeu a pena, partilhem com mais pessoas.
Juntos co-criamos o essencial, um admirável e intencional mundo novo!
De coração!