O poder do olhar na comunicação
Agora sim, está facilitado o caminho para trazermos ao de cima o super-poder do olhar na comunicação. Em tempos de uso obrigatório de máscara, o que pode à primeira vista, parecer uma dificuldade é na verdade, uma oportunidade de conexão.
Os olhos são o espelho da alma
É comum escutar-se que o “Santo Gral” dos cursos para aprender a comunicar eficazmente é a nossa comunicação não verbal, já que a mesma será responsável por 93% da mensagem (segundo as investigações de Albert Mehrabian, Morton Wiener e Susan Ferris na Universidade da Califórnia em Los Angeles – UCLA) adoptada pela Programação Neurolinguística – PNL). Assim, a comunicação verbal representa apenas 7%. 93% da nossa comunicação é então, o resultado do poder do olhar, gestos, postura e tonalidade… O corpo é a arena onde as emoções se manifestam, transmitindo informação mais genuína sobre as emoções do que as palavras. Nesta fase que a humanidade atravessa, o olhar, em concreto, conecta directo com o inconsciente do receptor que reage emocionalmente à mensagem que enviamos. Falo-te de oculésica, o estudo do olhar e do comportamento dos olhos na comunicação.
“Neurofisiologicamente é impossível pensar da forma a que estamos habituados sem movimentar a cabeça e os olhos.”
Mark E. Furman
Na comunicação, o como é mais importante do que o quê
Ou seja, não é tanto o que digo, e sim, como comunico. E vemos acontecer diariamente na parentalidade. As nossas crianças modelam a forma como vivemos as respostas às suas perguntas. Logo, modelam a nossa comunicação não verbal. Em relação ao olhar, ele revela bastante as emoções que sentimos. Podemos por isso conectar, de forma autêntica, através do olhar …
Partilho alguns exemplos de significados do olhar, tendo presente que existem inúmeras variáveis a considerar numa avaliação de linguagem não verbal. As pessoas diferem naturalmente na forma como se expressam. Várias pessoas têm tiques e comportamentos específicos, por exemplo.
Pupilas dilatadas
As pupilas denunciam-nos. Dilatam quando sentimos medo e também quando algo nos entusiasma. O que de resto tem a ver com os neuroquímicos libertados pelo cérebro que conduzem a que fisicamente a sensação que o medo provoca em nós, é exactamente igual à sensação física da excitação. Pupilas dilatadas denunciam o aumento do nível de atividade cerebral.
Bloquear os olhos
Diz-se que bloqueamos os olhos quando não queremos olhar para algo, normalmente alguma coisa perturbadora, angustiante ou assustadora. Acontece também, quando não queremos que os outros olhem para os nossos olhos (inconscientemente sabemos que nos leem a mente).
Desvio de aversão
Normalmente acontece quando não queremos que o outro perceba que estamos a olhar para ele, e ainda quando perdemos interesse em algo ou alguém. Uma aversão imediata pode revelar timidez, raiva, nervosismo ou fuga.
Olhar para cima
Pode revelar imaginação, visualização, pensamento, criatividade e (temporariamente) recolhimento da interação social. Olhar para cima também pode sugerir teimosia, desprezo, desagrado ou mesmo tédio. As pessoas que tendem a ser muito visuais (como eu), olham muito para cima.
Olhar linear
Este olhar pode demonstrar interesse, atenção, confiança, entusiasmo ou envolvimento social. Em PNL sabemos que as pessoas com tendência mais auditiva, aplicam-no com frequência.
Olhar Instável
Sugere confusão, medo, stress, loucura ou falta de confiança. Normalmente, pessoas com olhar instável, são consideradas menos confiáveis.
O olhar, uma competência que se treina
Desde que o discurso seja coerente e congruente, entre o que dizemos e como, o olhar pode ser treinado. A PNL é aliás, considerada como o modelo de excelência na comunicação. O modelo de comunicação da PNL fascina-me, ou não tivesse eu sido jornalista por quase duas décadas e licenciada em Ciências da Comunicação. A Programação Neurolinguística também explica a “avaliação da resposta” ou decodificação dos estados cognitivos através de pistas de movimentos oculares, assim como os olhos revelam também qual o sistema de representação (a forma como aprendemos e ensinamos o nosso modelo do mundo) ao qual estamos a aceder a cada momento. Temas que estudamos profundamente no PNL Practitioner em Parentalidade Generativa.
Portanto, seja em contexto de liderança pessoal, profissional, na interação com o próximo, num evento, formação, palestras… olhar o outro nos olhos é importante. Lembra-te apenas que se fixares muito tempo o olhar numa pessoa, pode ser considerado hostilidade ou domínio. Não olhares para a tua audiência, ainda que seja só uma pessoa, denota insegurança, desinteresse, arrogância, antipatia, sensação de inferioridade ou até medo de manifestar emoções e sentimentos.
Em caso de dúvida, de qual o impacto do teu olhar, podes fazer o exercício de PNL, das posições perceptivas, e, na segunda posição, calçares os sapatos do outro, a olhar para ti. Vê o que ele vê, ouve o que ele ouve e sobretudo, sente o que ele sente.