Palmadas e castigos: sim, não, talvez…
Acredito que estamos a caminhar para terminar, de vez, com as palmadas e castigos, com punições às crianças! Ainda assim, encontro também alguma resistência, por parte de algumas famílias. Existem crenças culturais e sociais enraizadas de que não são palmadas, por exemplo, são “sacudir o pó”, de que é através dos castigos que se alcança o respeito e se responsabilizam as crianças, que só assim serão adultos estruturados…
Se resulta? Sim, MAS apenas naquele momento e com efeitos secundários muito graves!
O verdadeiro problema não está a ser tratado. A auto-estima da criança está a ser ferida, ela não aprende a lidar com as suas emoções, nem consegue encontrar um comportamento alternativo ao que teve. Tu és o modelo de excelência que o teu filho tem, logo (inconscientemente) vai modelar-te. Entretanto, a criança cresce e sabes o que vai acontecer? Isto:
“Ele (ela) tem razão. Eu fiz uma grande asneira e mereço que me batam”.
Ou:
“Ele (ela) é mais fraco do que eu, e posso bater-lhe para ver se acorda para a vida…”
A criança que recebe palmadas e castigos vai portar-se bem apenas como estratégia de sobrevivência, por medo e não por respeito! Além disso, vai perder a confiança em ti.
«Crianças que recebem palmadas são mais propensas a apresentarem comportamentos antissociais.»
Andrew Grogan-Kaylor, cientista da Universidade de Michigan
Podia continuar a partilhar aquilo em que acredito e o que a Parentalidade com PNL & Generativa defende e reflecte, em relação a este tópico, já o fiz também no meu livro “Mães do Mundo” – A Programação NeuroLinguística ao serviço da educação com ética, faço-o nas palestras, sessões de consultoria e coaching e cursos que facilito só que hoje vou dar voz à ciência.
O que acontece então, a qualquer criança quando é exposta a palmadas e castigos? Sim, são actos de violência e que fazem cair por terra a intenção positiva de quem os pratica. Os fins, não justificam (de todo) os meios! Vou focar-me nas palmadas e deixar outros castigos para um próximo texto.
«Bater nas crianças aumenta o risco de doença mental.»
Elizabeth Gershoff, Cientista da Universidade do Texas
50 anos de investigação sobre as palmadas, que envolveram mais de 160 mil crianças, realizada por especialistas, na Universidade do Texas em Austin e na Universidade de Michigan, ambas nos EUA, revelam que:
- A palmada aumenta a probabilidade de uma grande variedade de resultados indesejados para crianças. Bater nos filhos faz o oposto do que os pais geralmente querem”, garante o co-autor do estudo, Andrew Grogan-Kaylor, da Universidade de Michigan.
- Quanto mais palmadas as crianças recebem, mais propensas são a apresentarem comportamentos antissociais e a desenvolverem problemas de saúde mental em adultos.
- Crianças vítimas de palmadas, quando se tornam adultos são mais propensas a apoiarem o castigo físico para os seus próprios filhos.
Não vai lá com palmadas e castigos!
No estudo que durou 50 anos, a palmada foi definida como bater de mão aberta nas nádegas de uma criança, o que é geralmente visto pela sociedade como uma ação disciplinar, e não abuso físico. Só que, embora muitos pais não olhem para a palmada como violência física, os investigadores descobriram que ambos estão associados com os mesmos resultados prejudiciais para as crianças. Logo, só existem efeitos negativos!
E que “curioso” que é se pensarmos que bater num adulto é considerado agressão, bater num animal é considerado crueldade e numa criança ainda é considerado educação?…
Os pressupostos da PNL dizem-nos que existem sempre várias estratégias para satisfazer cada necessidade. Ao bateres numa criança, perdes automaticamente a legitimidade para lhe dizer que ela não pode bater no outro! Se a colocares de castigo ela vai sentir que não tem valor! Há uma necessidade dela que não foi preenchida e o adulto não está a observar, está a julgar com base no comportamento. Também já te disse que não somos os nossos comportamentos, que atrás de cada comportamento há sempre uma intenção positiva e que o mapa não é o território. A necessidade do teu filho continua activa e o comportamento da criança vai persistir.
Convido-te a fazeres esta experiência
Da próxima vez que sentires vontade de levantar a mão para “sacudir o pó”- Para, respira fundo, cria o espaço entre emoção e acção, conecta-te com as tuas intenções, observa o teu filho e pergunta-te:
- Qual é a necessidade atrás do comportamento do meu filho?
- Que estratégias podemos desenvolver para satisfazer esta necessidade?
- Que comunicação posso usar para gerar mais conexão?