Férias perfeitas numa família generativa
Esta é uma questão que muitos pais me colocam: “Rita, como podemos usar as práticas da Parentalidade com PNL & Generativa para termos as férias perfeitas em família?” Pois… como sou muito curiosa, gosto sempre de saber o que entendem por “férias”, por “perfeitas” e por “família”. Depois, então, podemos avançar para algo concreto.
Acredito que a perfeição existe em cada momento tal como ele é. Seja agradável ou não. E o que sinto, por experiência própria, assumindo-me como parte de uma família generativa é que as férias são sempre perfeitas. Elas revelam o tanto das arestas que ainda há a limar no nosso sistema familiar. Afinal, somos sistemas dentro de outros sistemas e somos livres para escolher qual o rumo do nosso barco, como te revelo neste artigo da Conscious Systems.
Quando olhamos para as fotografias sorridentes das férias perfeitas, conseguimos ver além delas e sentir o realmente vivemos nesse momento, congelado agora em imagem. Tal e qual como no dia-a-dia, temos momentos de conexão total que se alternam com os de desconexão completa! Lembras-te que tudo em si contém o seu oposto?! Só sabes o que é a felicidade porque conheces a infelicidade e vice-versa, por exemplo. Nas famílias generativas, os pais também fazem birras, não são só os filhos. Eu faço, o meu marido faz. Ups! A diferença é que quando isso acontece, tomamos consciência num clic e acedemos a recursos internos para resolver a questão. Às vezes corre muito bem, outras nem tanto. A isto chama-se Vida!
Dicas de uma família generativa
Há algum tempo, escrevi um artigo recheado de 11 práticas para umas férias em família e em harmonia. Nós definimos sempre qual é a intenção das nossas férias. Além da intenção individual (somos quatro), definimos uma intenção geral, e é tão engraçado e desafiador fazer este exercício. Portanto, as nossas pausas em família, começam antes sequer de fazermos as malas. Definimos quanto tempo, qual o destino, qual o alojamento, investigamos quais as actividades que existem (sem programarmos nenhuma). Se envolve viagens longas, optamos por dividir por fases, que é o que a nós faz sentido, de acordo com as nossas necessidades, mas conheço famílias que fazem directo e está tudo bem. Já sabes que cada família é um sistema único, com especificidades únicas e que o que funciona com uma, não necessariamente resulta noutra. Posso dar-te alguns exemplos que funcionaram muito bem aqui. Se viajamos de carro, paramos sempre que necessário e recusamo-nos a estar mais do que quatro horas sobre rodas. Quando decidimos conhecer o Japão e a Coreia do Sul escolhemos fazer voo directo Lisboa – Dubai, repousar dois dias e então, embarcar rumo ao Japão. De Yokohama saímos em cruzeiro e conhecemos outras cidades japonesas maravilhosas. Fizemos a apanha do chá verde, conhecemos uma avó de 100 anos que estava a ensinar a tradição da cerimónia do chá a crianças pouco maiores que a nossa mais pequenina e claro, juntamo-nos a eles. Aprendemos receitas (e eu que nem sou fã de cozinhar, imagina!). Já quando viajamos para a Indonésia, aproveitamos voos com preços mais acessíveis e revisitamos Istambul, daí seguimos para a Malásia, ficamos dois dias e a paragem seguinte foi na Tailândia, onde descansamos, visitamos templos muito interessantes, tivemos oportunidade de comungar com os monges e as suas práticas meditativas. Aprendemos mesmo muito e só depois voamos para a Indonésia (Bali). Sim, investimos tempo, paciência, presença com qualidade (o que não é fácil, mas hoje sabemos ser – cada vez mais – possível) o que poupamos nos voos aplicamos em estadias e compensa cada segundo, cada cêntimo. Voltamos todos infinitamente mais ricos.
Férias perfeitas revelam arestas a limar
Regressamos agora de umas férias que me mostraram mais do que aquilo que me apetecia ver. Doeu, confesso. Doeu quando gritei, quando ameacei, quando chantageei, quando impus… Sim, tive momentos destes. E doeu por saber que sei fazer diferente, que todos estes meus comportamentos revelam o quanto ainda devo crescer para ser a mãe que as minhas filhas merecem e sobretudo, para ser a mulher que quero ser para mim. São uma espécie de lambada de luva branca para aquietarem aqueles dias em que quase acredito que sei tanto sobre parentalidade. Levaram-me a reflectir sobre o meu caminho e faz tanto sentido. Foram mesmo as férias perfeitas para me guiarem no trilho certo.
Além de histórias incríveis que hei-de partilhar contigo, novos conhecimentos de práticas familiares generativas, conscientes trago comigo a certeza de que é mesmo imperativo para reduzir o número de horas em frente ao ecrã, ao teclado e aumentar a qualidade da minha presença em mim e no seio da minha família. Portanto, abençoadas férias perfeitas em família!