Educar com ou sem castigos e consequências?…
Educar com ou castigos e consequências, eis a questão! “Nim” é a minha resposta.
Se reflectires um pouco, podes também sentir que todas as escolhas trazem acopladas consequências, mesmo as não escolhas (que acabam por ser também escolhas). É natural.
O que quero agora partilhar contigo são três categorias, muito específicas, de consequências. No curso de Parentalidade com PNL & Generativa, exploramos a necessidade de sentir se muito do que praticamos faz realmente sentido aos olhos das nossas intenções, valores e crenças, as consequências não são excepção.
- Consequências naturais
- Consequências lógicas
- Castigos
Consequências Naturais
Aquelas que surgem naturalmente, sem intervenção de ninguém e que são as que acredito proporcionarem grandes aprendizagens. São as opto por praticar, sempre que é possível, ou seja, sempre que não coloca em risco a saúde, a vida das minhas filhas, de terceiros, sempre que permita a prática do respeito por todos.
Exemplo:
Se o teu filho não lanchar, naturalmente sente apetite antes do jantar.
Neste tipo de consequência, ao substituíres o julgar e criticar a criança, por empatia e sem resolveres a questão, estás a criar espaço para que a aprendizagem ocorra.
Em vez de lhe dizeres:
“Eu não te disse que ias ter fome se não lanchasses? Eu avisei-te!”…
Experimenta dizer-lhe:
“Ouço uns sons de fome na tua barriga, se calhar podes beber uma água ou chá até ao jantar, para os acalmares?.”
Consequências Lógicas
Quando existe intervenção de um adulto que decide (desde o seu lugar de calma e paz) qual a consequência a aplicar. Atenção que, uma consequência lógica é muito diferente de um castigo. Ela existe para auxiliar a criança a desenvolver e a assumir responsabilidade perante os seus actos. Há espaço para que a criança faça as suas escolhas e solucione os desafios, para que seja autónoma.
Exemplo:
O Gustavo quer continuar no jogo do iPad por mais meia hora.
Consequência:
Ao deitar não vai ter história.
Castigos
Deixa-me dizer-te já: NÃO FUNCIONAM!
Por que é que os castigos não funcionam?
Porque não têm uma ligação lógica associada à situação ou ao comportamento!
Se pegarmos no exemplo do Gustavo, o castigo associado ao comportamento que teve (e sabemos que nós não somos o nosso comportamento) seria algo como: “ficas sem iPad!”
Pergunto: O que vais tirar-lhe mais (no próximo castigo)?
Sim, os castigos têm uma escala galopante.
Uma criança castigada vai desenvolver medo, vê a auto-estima destruída, sente que não tem valor, sente tristeza, culpa, raiva, perde autonomia, aprende a mentir, dissimular, ludibriar, está permanente dependente de um adulto que lhe diga o que deve ou não fazer, o que pode ou não fazer, como se deve comportar, o que está certo ou errado. Promove passividade e obediência.
Um pai, uma mãe que educam pelo castigo, fazem-no tantas vezes, a partir do seu medo, o medo ilusório de perderem o controle dos seus filhos, de não serem respeitados, reconhecidos. Reconhecendo a intenção positiva de que só queres o melhor para os teus filhos e de que fazes o melhor que sabes e podes a cada momento (como todos nós), lembro os nossos filhos veem através de nós, mas não são nossos. Logo, a necessidade de controle pode partir em paz.
No meu primeiro livro, “Mães do Mundo“, partilhei que acredito que a paz começa em nossa casa, no seio de cada família.
É por isso comum, nas minhas palestras, eu referir que as nossas crianças são os adultos que nos seguem. Pergunto sempre se queremos continuar a viver num mundo de obediência, de exclusão, onde não existe espaço para o diálogo, para desenvolver novas estratégias e obter resultados diferentes, ou se ambicionamos viver num mundo novo, onde emerge a cooperação, a inclusão, a criatividade, onde há progresso emocional e conexão?!
Escolho, sem pestanejar, a segunda opção! E tu?