A educação que guia é construtora de um novo paradigma
Parece-me que a educação que escolhe guiar em vez de mandar, pode ser um bom indicador de evolução, porque é ela mesma construtora de um novo paradigma. Para que isso aconteça, ainda sinto a urgência de falarmos e reflectirmos, enquanto pais, professores, educadores, comunidade que somos, sobre a resistência que muitas famílias e escolas ainda apresentam relativamente a guiar as crianças, insistindo, em vez disso, no modelo autoritário de educação vigente.
Quero, antes de mais, lembrar que aos olhos da Parentalidade Generativa (Generative Parenting®) – guiar pressupõe a humildade de reconhecer que não somos detentores da verdade, aceitando o outro por quem é. Agora, quando em vez de guiar, preferimos educar, tendemos a ficar presos à necessidade de controlo e às nossas expectativas acerca da pessoa em si. Não tenho nada contra a palavra educação, eu própria utilizo-a muitas vezes, sempre com a consciência de que é apenas o meu mapa que não pode, em hipótese alguma, sobrepor-se a quem as minhas filhas (ou outras pessoas) são e aqui veem manifestar. Além disso, também uso o termo educação para falar de (re)educação parental. Portanto, não me choca utilizar a expressão nova edução, que reflecte já a presença dos adultos enquanto guias.
Que tipo de manipulação usa a educação?
Distinções à parte, ainda que a Programação Neurolinguística (PNL), como escrevi há uns meses, descreva que a comunicação é manipulação, a actual educação (autoritária) ainda persiste na manipulação ‘win – loose’. Por outras palavras, as crianças continuam a ser vítimas de adultos que demonstram e retiram amor ao seu belo prazer, utilizando para isso, ameaças, castigos, julgamentos, elogios, prémios e recompensas. O pensamento dominante da educação é: “eu é que sou o adulto, eu é que sei educar, ela é apenas uma criança”. Que é como quem diz: “eu (adulto) tenho mais dignidade”. Tudo isto acontece mesmo depois da mãe da terapia família sistémica, Virginia Satir, nos ter demonstrado, de forma tão bonita, que as pessoas são milagres e dignas de amor.
E a ‘educar’ se destrói a auto-estima
Na mesma lógica, adultos que rejeitam a essência da criança, utilizando os métodos tão queridos da educação autoritária, que mencionei anteriormente, estão permanentemente a comunicar-lhes que elas não merecem e que não pertencem. Estão a excluí-las, a ensinar-lhes a dualidade: ‘isto é bom, aquilo é mau’. Estão a destruir-lhes a auto-estima!! E isto é usar o medo de abandono que as crianças podem sentir, a favor de adultos inconscientes. Ainda que com uma intenção positiva, há outras formas ecológicas de a satisfazer, que não estas!! Se olharmos, com honestidade, para o mundo que hoje temos, é muito claro que é o produto final desta forma de educar! Quando o grande tesouro das relações, acredito ser a conexão. É, aliás, o mote da Parentalidade Generativa: “não é sobre perfeição, é sobre conexão”.
Uma vida em busca do amor e da aceitação
O resultado da desconexão causada pela educação autoritária é que estas crianças crescem do lado do medo, em vez do lado do amor e ficam presas a uma busca incessante de aprovação externa e de serem amadas. Vão mover-se na vida por afastamento à dor e tendem a ser adultos que fazem o que for preciso para ter razão, encaixar num determinado grupo e fazer o que “for certo”. E é assim que nasce o bullying, por exemplo.
E o que resta, quando não podemos dar e retirar amor para educar?
Quando não ameaçamos, castigamos, julgamos, premiamos e recompensamos, o que podemos fazer é escolher reconhecer e ‘sponsorizar’. E não, não corremos o risco de entrar numa espiral de permissividade e desrespeito, ao escolher guiar, em vez de educar. Pelo contrário! Criamos sim, relações seguras e saudáveis, onde adultos e crianças podem manifestar as suas opiniões, desejos, emoções, necessidades, em autenticidade. Para isso, pais e professores assumem responsabilidade pessoal, integram o diálogo na relação, acolhendo com curiosidade, generosidade e criatividade as partes que ainda pedem para ser vistas, acolhidas e transcendidas. E este não tem de ser um trabalho a solo, é para isso que existem comunidades de apoio, como a da Aldeia Generativa: uma comunidade que pratica compreensão, bondade e amor, uma comunidade que pratica uma vida consciente e generativa.
Como nos diz a mãe da PNL e madrinha da Parentalidade Generativa, Judith DeLozier, a sabedoria brota quando entramos no estado de desaprender ou activamos a mente de principiante.
Se queres saber mais sobre como criar relações generativas e guiar com a proposta da Parentalidade Generativa, então espreita o “Gurus de Palmo e Meio”.