Devo seguir a minha intuição na parentalidade?
- “Dizem-me para o deixar chorar, mas corta-me o coração”;
- “Doeu-me mais a mim do que a ele, devia ter seguido a minha intuição”;
- “Se tivesse escutado o meu coração hoje vivia tranquila”;
- “Havia algo, não sei explicar, que me dizia para não o fazer e mesmo assim, fiz e agora parece que tenho uma faca espetada no peito”;
Estas são afirmações que escuto, muitas vezes, nos acompanhamentos que faço com Parentalidade Generativa (Generative Parenting®) e que surgem habitualmente acompanhadas do gesto de colocar a mão no centro do peito ou mesmo em cima do coração. E esta é uma constatação transversal a todos os países onde trabalho, independentemente dos continentes, credos, sexo ou etnias.
Portanto, digo também por experiência própria, agora com validação científica, que sim, devemos seguir a intuição, e não só na parentalidade, como em tudo na vida!
“A única coisa realmente valiosa é a intuição.”
Albert Einstein
Quando a intuição é abafada por crenças instaladas
Crescemos (tantas vezes) sem saber que temos em nós os recursos que precisamos, na ausência de uma figura empática, alfabetizados demasiado cedo o que exige correr atrás da lógica, na cabeça (onde acabamos por nos perder ou ficar presos), para que possamos perceber e explicar processos e ainda ouvimos coisas como: “enquanto não tiveres isso não vais conseguir”, “veste o casaco que te dei que está frio”… Somos tão condicionados na infância que acabamos por acreditar que as nossas necessidades emocionais, psicológicas, físicas e até espirituais são absolutamente satisfeitas de fora para dentro. Ora, se acreditarmos que são os outros e os acontecimentos externos a preencher-nos, a comandar a nossa vida, então desconectamo-nos de quem somos, do nosso eu autêntico, da nossa intuição, da nossa bússola. Depois, em adultos, quando escutamos “procura dentro de ti”, “pergunta ao teu coração, ele sabe a resposta”, estranhamos tanto que parece algo distante ou inacessível e acabamos a rejeitar, a chutar emoções em vez de as acolher, integrar e transcender, com o coração. Não é por mal, é com a intenção positiva de nos protegermos do desconhecido, porque não temos referência alguma. E isto não é só Programação Neurolingística (PNL) de 3.ª geração, já é ciência!
O que diz a ciência sobre a intuição
No Heart Math Institute aprendemos que a intuição vai além do processo de perceber ou saber algo sem raciocínio consciente. Os investigadores do HeartMath Institute e outros que há mais de 50 anos coordenam estudos cientificamente validados, acreditam que a intuição inclui não só a percepção consciente pela mente como também por todo o sistema psico-fisiológico do corpo. Essa percepção inconsciente é notada através de leves alterações emocionais e fisiológicas possíveis de serem detectadas em todo o corpo como evidenciam vários estudos electro-fisiológicos de intuição.
“A intuição ou inteligência do coração traz a liberdade e o poder de realizar o que a mente, mesmo com todas as disciplinas ou afirmações do mundo, não pode fazer se estiver em desarmonia com o coração.”
Heart Math
No geral, os resultados das investigações sugerem que o coração (cérebro cardíaco) e o cérebro (cognitivo), juntos, estão envolvidos na recepção, processamento e decodificação de informações intuitivas.
O que podemos então fazer na prática
O processo passa por reconectar, por criar coerência e harmonia entre coração e cérebro! Este é, aliás, o tema que escolhi levar nas minhas palestras nas próximas conferências internacionais. Há tempos, já depois de concluir a minha certificação: “HeartMath, The Resilient Heart – Trauma – Sensitive”, comecei a escrever sobre isso, aqui.
E é assim, reconectando e alinhando coração – cérebro, gerando coerência entre ambos, que é como quem diz, gerando emoções generativas (ou regenerativas), que ficamos aptos a escutar a nossa intuição e a elevar a parentalidade que nos habita para outro patamar. E isto não significa que deixamos de ter desafios, significa que respondemos aos mesmos desde um lugar de inteireza e amor incondicional. Significa que vivemos uma vida generativa.
Comentários
Respondendo à questão: SIM, devo seguir a minha intuição na parentalidade (como em tudo na vida, aliás). Sei agora que existe e que é válida (com provas disso, como nos diz a Rita Aleluia), mas nem sempre foi assim. Na verdade, até há algum tempo atrás, esta palavra soava-me a esoterismo e quando se insinuava, tratava de a abafar rapidamente. Foi preciso descobrir-me um pouco mais para saber que é uma bússola na minha vida, e em especial na parentalidade. E sim, o coração sabe a resposta, assim estejamos atentos, despertos e interessados em escuta-lo. “Para, Escuta e Olha”…para DENTRO e vais descobrir o grande PODER da INTUIÇÃO!