Comunicação e manipulação na Parentalidade Generativa
Durante dez anos ouviste-me dizer que sou anti manipulação, que sou uma mãe que procura o mais possível viver em consciência, coisa que nem sempre consigo e também que a Parentalidade com PNL & Generativa (PG) não compactua com estratégias ou práticas de manipulação, apostando isso sim, em comunicação que conecta. O que eu ainda não tinha consciência, é que afinal, toda a comunicação é manipulação!
Há dias, em conversa com o co-criador da Programação Neurolinguística (PNL), Frank Pucelik, tive este insight, confirmado pelo próprio. Quando em 1971 Pucelik, Grinder e Bandler começaram a co-criar a PNL, na altura com o nome de META, ficou muito claro este princípio, agora adoptado pela Parentalidade com PNL & Generativa. Este princípio da PNL, à semelhança dos restantes 9, emerge de anos de estudo e investigação em grupos multiculturais e de diferentes áreas, na University California SC (UCSC).
É muito interessante observar que a maioria das pessoas acredita, tal como eu considerava, que as pessoas que causam destruição na vida das demais, manipulam e que as pessoas que que constroem relações harmoniosas, comunicam. “Desculpa, mas é uma distinção errada!”, diz Pucelik, com um sorriso ternurento. E perante este facto, estou em processo de reenquadramento, em relação ao significado que eu atribuía até agora, à palavra manipulação. Afinal, nada tem significado a não ser o que lhe atribuímos.
Comunicação é manipulação: O 3.º Princípio da Parentalidade com PNL & Generativa
ma·ni·pu·lar 1
(francês manipuler)
verbo transitivo
- Preparar com as mãos. = MANUSEAR
- Mexer ou fazer funcionar com a mãos. = MANEJAR, MANUSEAR
“manipulação”, in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa
Habitualmente, entendemos a manipulação como algo negativo, mas na verdade, toda a forma de comunicação cria um resultado. Por sua vez, esse resultado manipula, ou estimula reacções nos demais. Como nos diz Pucelik, “a manipulação é algo normal, as pessoas manipulam-se, ao longo de todo o dia, através da manipulação, chama-se comunicação e está tudo bem”. E continua, “eu entro numa sala onde tu estás e sorrio para ti, tu devolves o sorriso e estamos ambos a manipular para criar bons sentimentos.”
Manipulação/ comunicação ineficaz
Quando por exemplo, os pais não praticam a flexibilidade – outro pressuposto da PNL que nos lembra a pessoa com mais opções e escolhas tem mais influência no sistema – e procuram manipular em benefício próprio, para satisfazerem as suas expectativas, sem terem em consideração o filho. Por outras palavras, quando não aceitam o natural desenvolvimento da criança, quando continuam a viver na ilusão fixa de uma educação de autoridade, obediência e utilizam métodos que limitam as escolhas do filho. Métodos que produzem uma comunicação (manipulação) ineficaz, que desconectam e promovem relações muito pouco saudáveis. “Esta é a comunicação/ manipulação destrutiva!”, lembra Frank Pucelik.
Manipulação/ comunicação eficaz
A minha intenção, enquanto mãe, quando comunico e interajo com as minhas filhas, é a de criar relações de conexão e para isso, estou muito atenta à minha comunicação/ manipulação eficaz. Todas saímos felizes e a ganhar, destes encontros. Tenho presente que, enquanto adulta, sou sempre responsável pelos resultados da minha comunicação/ manipulação. Assim, na nossa família, criamos espaço uma comunicação onde todos possamos expressar as nossas necessidades, emoções, pensamentos e opiniões, mesmo quando são contrários ou parecem vir de outro planeta. Na verdade, os últimos são sempre os que geram mais curiosidade, por aqui.
E nestes encontros, aplico também o 1.º princípio e o 2º princípio da Parentalidade com PNL & Generativa. Observo, aceito e respeito as minhas filhas pelo que elas são e é isso que lhes comunico com gestos, palavras e silêncios. Não quero consertá-las, não precisam! Nem quero mudar os seus comportamentos para conseguir que me obedeçam (e às vezes, admito, é desafiante!).
Estou muito curiosa para saber se agora, te fez sentido comunicação/ manipulação serem uma?!