Birras como lidar, como prevenir, como te desafiam…
Ouço muitas famílias queixarem-se que vivem à beira de um ataque de nervos. Por quê? A “culpa” é das birras, como lidar, como prevenir, como te desafiam… Reconheces?
E é aqui que surgem os métodos (que considero anti-pedagógicos) da parentalidade tradicional: que defendem ser preciso castigar, impor autoridade, que só assim as crianças aprendem e tornam-se responsáveis, blá, blá, blá… Se já leste o meu livro “Mães do Mundo” sabes porque discordo totalmente deles. Sabes também porque defendo estratégias, adequadas a cada família.
O teu filho faz birras?
Parabéns! Ele está a comunicar contigo. Naquele momento, aquela é a única forma que encontra para o fazer.
A psicologia do desenvolvimento estabelece três fases na vida humana em que estes comportamentos podem revelar-se: Entre os dois e os três anos, aos seis anos e na adolescência. São as fases em que comumente se diz que testam os limites, que contrariam. E está tudo certo! É assim que procuram assumir responsabilidade pelas suas vidas, que procuram independência, que querem mostrar que são capazes, que conseguem executar tarefas que, normalmente são realizadas pelo adulto de referência.
A birra é uma “tempestade” no cérebro. Dependendo da situação, do estímulo, como excesso de ruído, cansaço, fome, frustração, pode haver uma reacção de stresse.
Até mesmo uma alimentação, com excesso de açúcares e produtos industrializados, pode influenciar o comportameto da criança. Afinal, o nosso intestino é o nosso primeiro cérebro (já provado pela neurociência do qual te falarei noutro artigo). Identificares a causa é o primeiro passo para desenvolveres a estratégia adequada ao momento.
E é, sobretudo, durante a infância que a criança aprende a lidar com as emoções. É quando as descobre, as reconhece e começa a trata-las por tu. Quando não consegue lidar com elas faz uma birra e precisa de um adulto, emocionalmente estavel, para o guiar naquele momento.
Só que, as emoções são contagiosas e pode ser que sintas vontade de responder na mesma moeda. Chama-se a isto reactividade emocional. Às vezes pergunto aos pais: Quem faz mais birras aí em casa, o teu filho ou tu?
O que podes fazer perante uma birra?
- Relaxa
Respira fundo, conecta-te com a tua intenção, cria o espaço entre a emoção e a reacção, imagina que és tu em criança que estás naquela situação. - Identifica o que causou a birra
Medo, fobia, fome, cansaço… - Coloca-te no lugar da criança
Como já te disse, as birras não surgem do nada. Na perspectiva delas, o mundo, naquele preciso momento, está do avesso. Coloca-te ao mesmo nível que ela, olhos nos olhos, estabelece rapport e cria empatia. Se ficares em pé e o teu filho no chão, já reparaste na enorme distância que existe entre os dois? Imagina que és tu a criança, o que vês à tua frente? Um gigante e os gigantes assustam… - Verbaliza a emoção que está a ser vivida sem julgamentos
“Vejo que estás incomodado… queres contar-me o que se passa? Temos tempo…”
Jamais lhe digas:
“Não tens motivos para estares a chorar! Está tudo bem!”
Acreditas mesmo que se estivesse tudo bem o teu filho estaria naquele pranto?
É importante que a criança liberte as emoções e a tua responsabilidade é a de estares presente. Se sentires que aquele é o local inapropriado para que a birra se manifeste, afasta o teu filho de comentários desnecessários de terceiros. Procura leva-lo para um local seguro de olhares e comentários negativos e desnecessários. Sim, pode acontecer que tenhas que o levar ao colo, com ele a esperniar e aos gritos. Ainda assim, é o para o vosso bem-estar.
Elementos distratores nas birras, como dar-lhes o iPad para as mãos ou o telemóvel, por exemplo, não as resolvem na sua essência, apenas atiram-nas para baixo do tapete.
Birras, como lidar, como prevenir, como te desafiam?
Prevenir
Ora, se já sabes que a intenção de uma birra é a de satisfazer uma necessidade, se sabes também que para desenvolver a auto-estima e o respeito pelo outro, a criança precisa de preencher a necessidade que está por trás do comportamento e que tu és o seu melhor exemplo, podes começar por aí.
- Observa e Escuta o teu filho! – Sem julgamentos. Permite que ele se sinta bem e amado.
- Confia – Pede que atenda o telefone ou outra tarefa adequada à sua idade. Algo de que ele se orgulhe por ter realizado.
- Permite que faça escolhas – como escolher qual a roupa para vestir, que calçado quer usar… Respeita-o e sê paciente.
- Atribui-lhe responsabilidade – Deixa-o escolher pelo que quer ser responsável em casa. Por exemplo, pode gostar de alimentar o animal de estimação, fazer a cama, arrumar o quarto, pôr a mesa, regar as plantas… Vais ver que não só cumpre como se sente ainda mais importante e parte do vosso sistema.
- Pede-lhe opinião – Pode ser por exemplo, a simples escolha de uma refeição para a família, onde vão passar as próximas férias, que bolo vão fazer em conjunto… Acredita que a criança vai sentir-se reconhecida, a sua opinião conta!
O teu filho não é o seu comportamento!
Sempre que sentires uma birra a começar, acede ao teu espaço de amor incondicional. Se continuares a sentir dificuldade pergunta: “O que é que esta birra acorda acorda em mim?”
Se sentires dificuldade nesse processo, posso convidar-te a mergulhares na certificação internacional NLP University California, Practitioner em Parentalidade com PNL & Generativa.
Lembra-te que as birras são óptimos momentos para reflectirmos sobre o que se está a passar na nossa relação com a criança. São grandes oportunidades de aprendizagem e de crescimento, em comum. Está tudo bem.