Aprendi a desaprender e a vida emergiu
Aprendi a desacelerar os ponteiros do meu relógio, a ajusta-los ao compasso da vida, da minha vida, recheada de infinitas possibilidades. A vida que emerge fluída, sem guião, onde a lei é o amor, rei e senhor.
Aprendi a dar passos do tamanho das minhas pernas, passos curtos e passos longos. A voar no trapézio da dúvida, a desfilar na corda bamba, a saltar sem paraquedas, a cair sem rede, com a certeza que sou e somos parte de algo muito maior, algo que não se vê com os olhos.
Aprendi a escutar em vez de ouvir, a observar em vez de ver. A ampliar o meu mapa e a pintar nele espaços em branco. A demorar-me nos abraços e nos risos dos meus e da humanidade. A voltar vezes sem conta aos lugares onde sou feliz, dentro ou fora de mim, sozinha e com os que amo.
Aprendi a flexibilidade de sentir no corpo as palavras, os pensamentos, e o poder de transforma-los em gestos, de esculpi-los nas células. Sei agora, que a casa da minha essência é onde habita a minha verdade, e essa é a voz do meu coração.
Aprendi a compreender pelo sentir e a acolher a incerteza que abraça a certeza. Hoje, sei que a escuridão define a luz, que se pertencem e que se completam. Que em cada existência existe o seu oposto. Aprendi a construir a ponte, a fazer o balanço e que o nome é: vida.
Aprendi a estar e ser presente na minha vulnerabilidade e a aceitar que é francamente desconfortável e que está tudo bem, está sempre tudo certo. A isso chama-se coragem em vez de fraqueza.
Aprendi a dar-me sem sacrificar-me. A ser sem perder-me no outro. A pertencer-me pelo que sou verdadeiramente e a agradecer sempre. Menos é mais, um mais um são três.
Aprendi isto e muito, muito mais… E deste lugar, aqui e agora, estou tão, mas tão curiosa (e humanamente receosa) com a imensidão generativa do que ainda está por vir.