6 pressupostos que transformam vidas: O ESPÍRITO DA PNL
Este é o 1.º episódio do Essencial, o podcast semanal que nasce agora e nos traz já o espírito da programação neurolinguística, ou seja, os seis princípios da PNL que transformam vidas. Podem escutar aqui.
“É muito interessante voltar a estar de microfone aberto, agora numa versão que dizem ser a filha da rádio. Ainda a recuperar de uma infecção causada por aquele atrevido que aí anda e ainda não nos largou. Portanto, este som nasalado é fruto desta recuperação que está em curso. Ainda eu era jornalista, na altura na SIC, criei e conduzi em simultâneo, um programa na TSF Madeira que se chamava “ser criança”. Curioso que na altura ainda não fazia ideia que existia a programação neurolinguística e ao mesmo tempo, já estava tão perto de a conhecer, de transformar a minha vida, e começar a trazer ao mundo a parentalidade generativa… 13 anos depois, volto aos microfones, agora com o Essencial.
E acho que é por isso que me sinto entusiasmada e confortável neste lugar. Porque embora com semelhanças à rádio, há diferenças substanciais. Não deixa de ser novo, ainda assim, sinto-me sem aquele peso de quem está a fazer algo pela primeira vez. Parece-me que a minha vulnerabilidade está sossegadinha e deu espaço à minha imensa curiosidade. Muita mesmo!
E isto é bom sinal, é um bom indicador de generatividade. De que estou conectada com o meu coração, com o meu centro e com algo maior. Um bom indicador de que estou a entregar algo em que acredito e que sei, por experiência própria e profissional, que pode mesmo transformar a humanidade. Primeiro a nossa, claro. Como eu costumo dizer, pessoa a pessoa, família a família, comunidade a comunidade.
Quero começar este nosso primeiro encontro com algumas linhas orientadoras. Com pressupostos, que não são verdades, são sim uma epistemologia, conceitos, filtros da Programação Neurolinguística, aos quais a mãe da PNL, a minha querida Judith DeLozier, que também é madrinha da Parentalidade Generativa (PG), chama “O ESPÍRITO DA PNL”, e que nos abrem a um admirável mundo novo de possibilidades. São na verdade, os pilares da PNL.
A vivência destes pressupostos permite que vivamos presentes e abertos a construir um novo modelo de quem somos, do exemplo que queremos ser e ver no mundo. Até porque a vida e a mente são processos sistémicos, estão interconectadas, influenciam-se mutuamente. Os processos que acontecem numa pessoa, no seu ambiente, são sistémicos. O que acontece a um, acontece a todos. Aliás, o realidade global demonstra-se isto muito bem!!
Mesmo quando não falamos, quando não agimos, estamos a influenciar o sistema. Não é possível não influenciar, não é possível não comunicar. E aqui realço que a inação tem muitas vezes mais consequências que a ação…
Ao vivenciarmos estes princípios da PNL podemos recolher nova informação, sem fazer julgamentos, presentes no corpo, atentos aos nossos pensamentos, imagens… Passamos a operar de forma diferente, a criar a nossa vida e a agir com influencia expansiva no mundo.
Foram estes pressupostos que permitiram criar toda a tecnologia de técnicas que hoje a PNL oferece. Quero lembrar que a PNL é uma forma de vida. Não quero colocar o foco no conhecimento cognitivo dos pressupostos. Trago antes, uma espécie de ponte que conecta. Em tempos de incerteza, mudança, como aquele em que vivemos, sobretudo hoje, viver sob estes filtros pode mesmo ser a diferença que faz a diferença.
O mapa não é o território
A nossa percepção do mundo, não é na verdade o mundo em si. É apenas uma representação da realidade. É o nosso território, mas só o nosso e é diferente do de qualquer outra pessoa. É por isso que a realidade é sempre subjectiva e existem infinitas prespectivas sobre a mesma coisa. Por exemplo a mesma palavra tem um significado completamente diferente para diferentes pessoas. Ou seja, o mapa é o que os nossos sentidos captam e essa informação é filtrada pelas nossas crenças, valores, pela nossa história pessoal…
Trabalho com algumas organizações nos EUA, ligadas à justiça social, à mudança social e é curioso perceber que no sistema há sempre um inimigo, um “bad guy”. E o interessante é que normalmente estes “bad guys” são também os melhores aliados. Só que para isso acontecer é preciso saber lá chegar, construir pontes. Não temos que ter e vestir o mapa do mundo do outro, mas temos de conhecer e ser sensíveis ao mesmo.
E é muito importante ter presente que não há mapas melhores ou piores. Há mapas mais ou menos ricos. E todos os mapas são pautados por generalizações, por omissões e distorções. E o mesmo mapa pode não ser útil num contexto e servir noutro. Em PNL não descartamos nada, gostamos muito de ter possibilidades!
É muito importante reter que o mapa mais compassivo vibra sempre em amor e tem uma abertura maior para acolher outros mapas e expandir. Sem julgamentos.
É muito engraçado porque entre colegas, quando sentimos que a conversa está a “aquecer” e a surgir rigidez no campo, costumamos evocar imediatamente: “Ok!! Mapa é mapa! Não é território, certo?!” E saímos automaticamente da pré-alucinação que estávamos a criar.
O princípio da intenção positiva
Se me encontro perante uma situação desafiante, assumo que há uma intenção positiva do outro lado e que a outra pessoa faz o melhor que sabe e pode naquele momento, ou não?
Aqui tenho sempre muito cuidado com a palavra POSITIVA, porque é um julgamento. Os sistemas vivem em adaptação. Se nos desconectamos do resto do sistema, a intenção positiva é apenas para connosco e isto não é altruísmo, é retração, reação, pode ser um comportamento adaptativo, por exemplo proteger-me, sobreviver, mas os resultados podem ser devastadores. É por isso que se diz que “de boas intenções está o inferno cheio”…
Por exemplo, numas férias passadas, houve uma situação de conflito entre a minha filha mais nova e a mais velha. A mais velha foi buscar o único livro que a mais nova tinha levado na mala. Ela não gostou e correu atrás da irmã, aos gritos para lhe bater. Quando percebi o que se estava a passar decidi intervir. Perguntei à mais nova o que estava a fazer. Ela olhou para mim com uma cara furiosa onde eu li: “só podes estar parva, não?!” E respondeu-me: “estou a bater-lhe, não vês?!?!”. Respondi que “sim, vejo e também vejo que isso é um comportamento violento, que desrespeita a tua irmã e a ti. O que é que queres com esse comportamento?”
– “Quero que ela me devolva o livro já!”
– “Porque é que isso é importante para ti?”
– “Porque não é justo, mãe!! Eu só trouxe este livro e ela tem imensas coisas para se entreter!”
– “Ah! Então dizes-me que queres fazer justiça?”
– “Sim!!”
– “Ok! A mãe vai sempre apoiar-te nessa escolha! Sempre! Só que com palavras e gestos de paz, meu amor!”
O que parecia negativo tinha a intenção positiva de trazer ao campo justiça, só que o comportamento era totalmente inadequado e violento. Portanto, o trabalho é encontrar formas ecológicas para todos de satisfazer a intenção positiva, através de pensamentos, comportamentos que sirvam todo o sistema.
Por outras palavras, é mais produtivo responder à intenção do que simplesmente reagir à expressão da intenção!
As pessoas fazem as melhores escolhas que podem com os resursos aos quais conseguem aceder a cada momento
Se tivessem mais escolhas no seu mapa fariam seguramente diferente. E não tem a ver com o mapa ser bom ou mau. Tem a ver com o quão rico ou limitado é o mapa. O mapa mais rico, ou seja, aquele que tem mais escolhas, vai ter mais influência no sistema. Mais fácil é lidar com obstáculos, ser resiliente, acolher, integrar e transformar… Isto quer dizer que quanto mais rico, mais informado, mais podemos expandir a outros mapas.
A PNL diz-nos que temos no sistema, dentro de nós é à nossa volta, todos os recursos que precisamos. O que acontece muitas vezes é que os nossos filtros podem estar digamos que “embaciados” e afectar a visão do nosso mapa.
Quanto mais formas temos de perceber algo, melhor a entendemos. Criamos novas prespectivas.
Para crescer e transformar é mesmo preciso expandir o mapa pessoal do mundo.
Confesso que um dos meus maiores desafios é gerir esta minha necessidade quase permanente de ampliação do meu mapa pessoal. Adoro explorar temas novos, abordagens diferentes. PNL, neurociência, neurocardiologia, Epigenética, física quântica, antropologia, geo-política… Mesmo dentro destas áreas, por exemplo da PNL, já fui aluna de inúmeros Practitioners, master practitioners e Trainers Trainings, facilitados por master Trainers de diferentes linhas, incluídos Co-criadores e developers. E aprendo sempre, mas sempre coisas absolutamente novas, que expandem imenso o meu mapa e aumentam os meus recursos. Hoje sou seguramente uma pessoa muito mais flexível, curiosa, compassiva, a olhar o mundo com mente de principiante… e é assim que guio as minhas filhas.
Se queremos mudar algo no mundo, temos mesmo de começar em nós! No mapa interior!
Falhar versus feedback
Será que entramos no registo: oh bolas, falhei outra vez!! Ou será que nos dizemos: Hummm, o que é que aprendi com isto? Qual é o meu próximo passo?
Há uma história muito ilustrativa que gosto muito de partilhar. Um inventor deu uma conferência de imprensa na sua garagem. Uma garagem recheada daquilo a que ao comum mortal pode parecer “tralha”. Objectos e objectos por todo o lado. Um dos jornalistas sorriu e perguntou-lhe: “estes são os seus falhanços??” O inventor respondeu generosamente: #NÃO! Estas são respostas a perguntas que nunca tinham sido feitas!”
Parece-me que muda completamente a nossa percepção se pensarmos que as nossas falhas são na verdade respostas a perguntas que ainda não tínhamos colocado!
A energia flui para onde colocamos a nossa atenção
Já sabemos como funciona! Quando alguém aponta para o por do sol o que vê em frente do nariz é o dedo e perde todo o quadro. Aqui a pergunta é como é que movimento a minha energia, a minha atenção, expandindo-a… Presto atenção ao trigger que dispara em mim ou amplio o espaço? Por exemplo, há muitas pessoas que têm medo de ir ao dentista. Quando lhes perguntamos o que sentem, respondem que é o som da broca ou o cheiro… e enquanto ficarem focadas no trigger, não conseguem transformar a energia. Então, podemos verificar o que mais existe no ambiente que nos traz segurança e alguma serenidade, para aí colocarmos o foco?!… Isso muda automaticamente a nossa percepção, que é como quem diz, a nossa neuroquímica, fisiologia e naturalmente a nossa realidade.
Se é possível para um, é possível para todos
Podemos ainda não saber como, podemos ter de investigar e programar novas crenças, aprender novas habilidades, transformar a nossa energia, mas assumindo sempre, no coração, que se é possível para outro ser humano, é possível para nós!!
Na NLP University California, a única universidade de PNL do mundo, com sede no berço da PNL, na University California Santa Cruz, e da qual eu sou PNL Master Trainer e a representante em Portugal, nós dizemos que PNL, NLP em inglês, significa: NOW LETS PLAY – agora vamos jogar/ brincar… É esse o convite que estendo.
1.º passo: escrever cada pressuposto num papel;
2.º passo: colocar os papéis no chão , em forma de círculo – assim tornam-se âncoras espaciais;
Estas âncoras espaciais são significativas porque nos permite mover o corpo para um espaço novo e sentir nele o pressuposto, sem que a cabeça fique presa noutros pensamentos… isto ajuda a criar uma nova ligação neural;
3.º passo: colocar no centro do círculo um papel com a palavra: problema ou desafio se preferirem. Pode ser uma questão que temos com outra pessoa, ou um desafio interno connosco próprios, até porque é sempre isso que é, um desafio interno que pode ou não manifestar-se na relação connosco e com o próximo…
4.º passo: De fora do círculo, conseguem observar todo o espaço, sem estarem associados aos pressupostos ou ao problema. É um espaço neutral, de não julgamento. E é aí que começamos. No espaço da curiosidade!
5.º passo: Agora, damos um passo para o centro do círculo. Em cima do papel problema, voltamos a vivenciar o contexto do mesmo. Conectamos com o que acontece dentro de nós. Fazemos o que em PNL chamamos de inventário ou verificação. Que emoções surgem, que sentimentos, pensamentos, que histórias me estou a contar, que sensações sinto, o que vejo, escuto, quando isto acontece… no meu corpo, na minha cabeça… notem o que acontece à respiração, aos ombros… como é que sabem que estão a sentir o que sentem?…
Esta verificação é muito importante porque é a estratégia que utilizamos para criar o problema. Isto quer dizer que podemos então, criar uma nova estratégia ecológica, livre, que nos sirva e que sirva o sistema para gerar algo totalmente novo na vida.
Quero lembrar que quando nos sentimos deprimidos isso quer dizer que estamos a viver no passado. Quando sentimos ansiedade estamos a movimentar-nos no futuro. E quando estamos em paz, estamos no presente, que na verdade é o único momento que temos e onde residem as infinitas possibilidades.
6.º passo: Agora, saímos do centro do círculo e voltamos à posição de observador, ao lugar da curiosidade. Podemos sacudir o corpo, dar saltinhos, dançar… o que for mais confortável.
7.º passo: Escolham um pressuposto dos que estão no círculo. Aquele que ressoa mais com o que estão agora a vivenciar no corpo. E vão até lá. Conectem-se com essa ideia e deixem que flua.
Se escolheram, por exemplo, A ENERGIA FLUI ONDE COLOCO A MINHA ATENÇÃO, pode ser interessante conectarem-se com um momento da vossa vida onde tenham dito a alguém, que estava a viver um desafio: “vá, vê o quadro todo, há muito mais aí para ver, ouvir, sentir, explorar… notas a diferença?!”
Deixem fluir no vosso sistema. E façam com o corpo o movimento que surge.
Voltem ao lugar do problema. Façam o gesto que trouxeram do pressuposto. Notem que novas possibilidades surgem agora.
Um passo atrás, para a posição de observador. O lugar da curiosidade. E escolhem um novo pressuposto para visitar. Vivenciem da mesma forma que o anterior. Façam o mesmo com todos os pressupostos. Notem sempre a mudança positiva e o que é agora possível.
Fico muito curiosa para saber como foi este vosso processo. Adoro saber o que ressoa desse lado, o que mais conectou com os vossos corações. E se neste processo, ainda parece que pouco se transformou, é só um começo. É o início de algo completamente novo, intencional, com significado. Generativo!
Estou muito feliz com este nosso encontro: ESSENCIAL!
Volto na próxima terça-feira, para entregar mais daquilo que acredito ser partilha de valor. Obrigada pela presença, pela abertura e curiosidade.
Até lá, e porque a inclusão é um valor importante para mim, este episódio está também disponível, em forma de artigo, no blog do meu site: www.ritaaleluia.com
Escutem, leiam, pratiquem e se sentiram que valeu a pena, partilhem com mais pessoas.
Juntos co-criamos o essencial, um admirável e intencional mundo novo!
De coração!